APLICATIVO MÓVEL: UMA FERRAMENTA QUE AUXILIA NA APLICABILIDADE DA TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA

 MOBILE APPLICATION: A TOOL THAT HELPS IN THE APPLICABILITY OF INTEGRATIVE

COMMUNITY  THERAPYAPLICABILIDADE DA TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA

Carolina da Cunha Lima Pedrosa Mangueira - Enfermeira. Mestre em Saúde da Família. Faculdades Nova Esperança. João Pessoa. ORCID:0000-0003-3585-2898

Elisângela Braga de Azevedo -  Doutora em Enfermagem. Enfermeira da Saúde Mental do Hospital Universitário Lauro Wanderley. ORCID: 0000-0002-9529-0316

Vilma Felipe Costa de Melo  - Coordenadora do curso de Psicologia. Faculdades Nova Esperança (FACENE/FAMENE). ORCID: 0000-0001-5721-3240

Cleyton Cézar Souto Silva -  Doutor em Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em

Saúde da Família. Faculdades Nova Esperança (FACENE/FAMENE). ORCID: 0000-0002-6187-0187

Sônia Mara Gusmão Costa -  Doutora em Enfermagem. Faculdades Nova Esperança (FACENE/FAMENE). ORCID: 0000-0002-9433-2932

Vagna Cristina Leite da Silva Pereira -  Doutora em Enfermagem. Vice-Coordenadora do Programa de

Pós-Graduação em Saúde da Família. Faculdades Nova Esperança (FACENE/FAMENE). ORCID: 0000-0002-8831-3620

RESUMO

Objetivo: desenvolver um aplicativo móvel, multiplataformas de referência para Terapia Comunitária Integrativa. Método: A partir de uma pesquisa metodológica, entre março de 2019 e janeiro de 2020, sendo o aplicativo desenvolvido em etapas, utilizando a programação voltada para dispositivos móveis de designe instrucional contextualizado, incluindo as tecnologias em HTML, CSS e JavaScript. Resultado: foram desenhadas 16 telas do aplicativo no software Adobe XD. O protótipo foi produzido para ser executado em tablets e smartphones Android e IOS, visando à simulação do funcionamento do aplicativo através de navegações entre todas as telas. Conclusão: compreende-se, que o desenvolvimento de aplicativos móveis relacionados a pesquisas científicas é importante, pois os conteúdos tendem a ser analisados e testados por profissionais que conhecem as reais necessidades dos usuários finais.

DESCRITORES: Aplicativos Móveis; Tecnologia da Informação; Atenção Primária a Saúde; Terapias Complementares; Redes Comunitárias.

ABSTRACT

Objective: to develop a mobile application, cross-platform reference for Integrative Community Therapy. Method: From a methodological research, between March 2019 and January 2020, the application was developed in stages, using programming aimed at mobile devices with contextualized instructional design, including technologies in HTML, CSS and JavaScript. Result: 16 application screens were designed in Adobe XD software. The prototype was produced to run on Android and IOS tablets and smartphones, aiming at simulating the application's operation through navigation between all screens. Conclusion: it is understood that the development of mobile applications related to scientific research is important, as the contents tend to be analyzed and tested by professionals who know the real needs of end users.

DESCRIPTORS: Mobile Applications; Information Technology; Primary Health Care; Complementary Therapies; Community Networks.

RESUMEN

Objetivo: desarrollar una aplicación móvil, multiplataforma de referencia para la Terapia Comunitaria Integrativa. Método: A partir de una investigación metodológica, entre marzo de 2019 y enero de 2020, se desarrolló la aplicación por etapas, utilizando programación orientada a dispositivos móviles con diseño instruccional contextualizado, incluyendo tecnologías en HTML, CSS y JavaScript. Resultado: Se diseñaron 16 pantallas de la aplicación en el software Adobe XD. El prototipo fue producido para funcionar en tablets y smartphones Android e IOS, con el objetivo de simular el funcionamiento de la aplicación a través de la navegación entre todas las pantallas. Conclusión: se entiende que el desarrollo de aplicaciones móviles relacionadas con la investigación científica es importante, ya que los contenidos tienden a ser analizados y probados por profesionales que conocen las necesidades reales de los usuarios finales.

DESCRIPTORES: Aplicaciones Móviles; Tecnología de la Información; Atención Primaria de Salud; Terapias Complementarias; Redes Comunitarias.

RECEBIDO : 20/03/2023

APROVADO : 03/04/2023

INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde (OMS) defende que as iniciativas de promoção da saúde devem ser desenvolvidas por meio de programas, políticas e atividades sustentáveis, equilibradas e multiestratégicas, buscando alcançar os princípios do empoderamento individual e da comunidade com implantação e avaliação da visão holística da saúde física, mental, social e espiritual(1).

No Brasil, em referência às políticas de saúde, um grande avanço aconteceu com a publicação da Constituição Brasileira em 1988, que passou a assegurar conquistas de direitos sociais(2). Nesse percurso para construção do SUS, fizeram-se necessários repensar novas estratégias, com atendimentos mais humanizados, ampliando a visão do cuidado com ações mais efetivas e resolutivas(3).

Como forma de sobrepor o modelo proposto, fez-se imprescindível uma visão ampliada do processo saúde-doença buscando a promoção global/integral do cuidado humano, especialmente do autocuidado(4). Neste contexto, foram incluídas as práticas terapêuticas não alopáticas, desenvolvidas em diversas regiões do país, sendo instituídas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) através da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) com a perspectiva da prevenção de agravos e da promoção e recuperação da saúde, com ênfase na atenção básica, voltada para o cuidado continuado, humanizado e integral em saúde(5).

Essa política foi implantada na rede SUS, com objetivo de contribuir para o fortalecimento dos princípios fundamentais do sistema de saúde, para, dessa forma, garantir a integralidade na atenção à saúde, através da incorporação e inserção das PICS(6).

No Estado da Paraíba, mais precisamente no município de João Pessoa, a organização da PNPIC na saúde se deu através da Lei Municipal nº 1.665 de julho de 2008, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que buscava preparar os profissionais de saúde para os diferentes serviços disponibilizados(7). No entanto, só a partir do ano de 2012 foram criados os Centros de Práticas Integrativas e Complementares (CPICS), do município, fortalecendo, assim, a implementação da referida Política Nacional(8).

Dentre as PICS realizadas, merece destaque a Terapia Comunitária Integrativa (TCI) que se configura como uma ferramenta leve de cuidado, que tem sido difundida e adotada por muitos profissionais da saúde nos mais diferenciados contextos nacionais. É uma tecnologia de cuidado que viabiliza um espaço para fala e partilhas de vivências, objetivando compartilhar estratégias de enfrentamento para o sofrimento emocional que estão sendo experienciados. Uma técnica que possibilita aos seus participantes a vivência de novas experiências que permitam buscar soluções para os conflitos no âmbito das relações individuais, familiares e sociais(9).

A PNPIC possibilitou a inserção da Terapia Comunitária Integrativa (TCI) na Estratégia de Saúde da Família, a qual viabilizou o reconhecimento da efetividade da prática pelo Ministério da Saúde. Na época, foi considerada uma ferramenta de cuidado com eficácia, apresentando-se como possibilidade de tratamento e prevenção na assistência primária(10).

Considerando o reconhecimento da efetividade da TCI em serviços da atenção primária à saúde, o desenvolvimento desse estudo foi norteado pelas seguintes indagações: Que tipo de tecnologia em saúde facilitaria a comunicação/interação entre Terapeutas Comunitários? A utilização de aplicativos móveis voltados para as TCI seria considerada um instrumento que auxiliam sua condução?

A prática da TCI nos serviços públicos de saúde merece atenção, no que diz respeito aos incentivos para propagação de uma modalidade terapêutica eficaz e econômica. Sendo assim, vislumbrou-se o desenvolvimento de um aplicativo para serviços móveis por compreender a facilidade desse recurso para orientar, armazenar e aproximar redes de profissionais nos mais diferentes contextos, em todo território nacional. Dessa forma, esse estudo tem como proposta apresentar uma ferramenta tecnológica muita utilizada na perspectiva de gerar redes de apoio para os Terapeutas Comunitários.

Na tentativa de contribuir para o fortalecimento da rede de TCI no Brasil foi traçado o seguinte objetivo: desenvolver um aplicativo móvel, multiplataformas, de referência para Terapia Comunitária Integrativa.

MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa metodológica para desenvolvimento de um aplicativo móvel oferecendo à rede de Terapeutas Comunitários um software que contribua para o dinamismo e execução das Rodas de TCI em serviços da rede pública de saúde.

Esse estudo foi desenvolvido em três etapas: inicialmente foi realizada uma revisão integrativa, entre janeiro e novembro de 2019, como suporte teórico para formulação da tecnologia. Para isso, foi feito um levantamento de manuais do Ministério da Saúde e artigos científicos disponíveis em bases de dados, a exemplo da Medline/PubMed e Periódicos da CAPES. O universo inicial foi de 152 artigos, publicados em cinco anos (2014-2019), usando os descritores: terapias complementares, tecnologia, saúde e aplicativos; combinados pelo conector booleano AND nos idiomas inglês, português e espanhol. A partir dos estudos identificados, foram selecionados aqueles que preenchiam os critérios paraa sua inclusão, considerando a leitura dos títulos, resumos, artigos publicados na íntegra, disponíveis gratuitamente e eletronicamente. Foram excluídos editoriais, cartas ao editor, teses, dissertações, monografias e trabalhos cujas áreas ou assuntos principais não eram relacionados ao tema estudado. A partir deste estudo definiu-se o aplicativo móvel como a tecnologia mais robusta para auxiliar na aplicabilidade da TCI.

Após essa fase foi realizada uma nova busca para identificar os aplicativos já existentes relacionados com a TCI e disponíveis no mercado. Foram consultadas lojas virtuais Google play (htts://play.google.com/ store/apps) para celulares com o sistema operacional Android, e Apple Store (https://itunes.apple.com/br/genre/ios-medicina/id6020?mt=8) para dispositivos com o sistema operacional iOS. Em ambas, foi selecionada a categoria saúde e iniciada a pesquisa dos aplicativos móveis na área de terapia, que estivessem disponíveis para instalação em tablets e/ou smartphones. A busca teve início em março de 2019 até janeiro de 2020.

A segunda etapa foi o levantamento dos requisitos, fase que engloba os estágios para desenvolvimento do software. A realização dessa etapa foi imprescindível e consistiu-se em uma análise dos requisitos, ou seja, fase para identificar, quantificar, definir, priorizar e classificar os principais problemas que o futuro software pudesse apresentar.

A terceira etapa foi para o desenvolvimento do aplicativo TCIapp, disponível em lojas virtuais a partir de uma logomarca, criada pelo desenvolvedor pelas plataformas de design gráfico: CorelDraw X8; Adobe Ilustrator CC2017 e Adobe Photoshop. A identidade visual foi definida a partir de uma teia e uma roda colorida, imagens que representam características e simbolizam teoricamente os fundamentos daTCI(11).

A elaboração do protótipo foi baseada no modelo de Design Instrucional Contextualizado. Em suma, o desenvolvimento do aplicativo, seguiu as etapas descritas a seguir: Planejamento; Análise de requisitos; Codificação e Desenvolvimento(12).

 Para promover uma melhor usabilidade do produto, levou-se ainda em consideração os princípios básicos: esforço mínimo do usuário; mais reconhecimento de funções do que exigência de memória do usuário; frustração mínima durante o manuseio; aumentar o uso a partir de padrões e hábitos de trabalho; observar a tolerância para as diferenças entre as pessoas que utilizarão o sistema; observar as mudanças nos possíveis ambientes em que o sistema será utilizado; presença de interfaces de comunicação para notificação de problemas; apoio máximo a essas tarefas pelo sistema(13). Finalizou-se o aplicativo com 16 telas no software Adobe XD. Todas as etapas foram criteriosamente elaboradas e desenvolvidas, considerando prazos e orçamento para finalizar com a entrega do TCIapp.

O protótipo foi produzido para ser executado em tablets e smartphones Android e IOS, visando à simulação do funcionamento do aplicativo através de navegações entre todas as telas. O aplicativo estará então disponível nas app stores Apple Store e Google Play através com o seguinte ID de registro: (tciapp.media4all.com.br). O aplicativo foi desenvolvido pela Media4all, empresa paraibana especializada no mercado de sistemas e tecnologias para educação no município de João Pessoa/PB.

O Desenvolvimento do protótipo do TCIapp e elaboração do conteúdo principal foi possível ainda pela experiência da pesquisadora com os projetos de extensão de discentes de Enfermagem com rodas de TCI em um Centro de Práticas Integrativas e Complementares (CPICS) no mesmo município.

RESULTADO

Pelo levantamento da revisão integrativa, 152 estudos foram identificados, e destes, 100 foram excluídos após análise do título, uma vez que não descreviam os aspectos relacionados ao objeto da pesquisa, mantendo-se, então, 52 estudos para análise dos resumos. Finalizou-se com: 16 artigos, 8 dissertações, 2 teses, 12 livros e 14 manuais e políticas elaborados pelo Ministério da Saúde, que foram lidos na integra e utilizados para embasamento científico do aplicativo TCIapp.

A busca de aplicativos de terapia disponíveis nas lojas de smartphone foi realizada em 5 etapas: leitura do título, acesso do aplicativo e descrição dos requisitos presentes. Após esta análise, as ferramentas existentes foram organizadas por nome do aplicativo, a autoria, a descrição e a última atualização. Foram selecionados quatro aplicativos relacionados a terapia, embora nenhum deles fosse específico a TCI (Figura 1).

Figura 1 – Levantamento de aplicativos móveis desenvolvidos para área da saúde sobre o  tema terapia. João Pessoa, Paraíba, 2020.

Fonte: Própria da pesquisa, 2020.

Após a definição e elaboração do conteúdo levantado por meio de revisão integrativa, os dados foram apresentados em um formato adequado para, posteriormente, serem codificados em linguagem computacional e embutidos no software, em um ambiente integrado de desenvolvimento, de acordo com as definições concebidas na fase de planejamento. Foi utilizado o paradigma de linguagem de programação orientado ao objeto, observando-se os preceitos de encapsulamento, polimorfismo e herança da linguagem Java (Figura 2).

Figura 2 – Requisitos do Aplicativo. João Pessoa, Paraíba, 2020.

O produto tecnológico resultou em um aplicativo com 16 telas, desenvolvidas com a proposta de suprir demandas de um grupo de profissionais que carecem de uma tecnologia acessível e versátil. A figura 3 apresenta três exemplos de telas do aplicativo TCIapp: (1) tela inicial – cadastro usuário; (2) cadastro da roda de TCI; (3) relatos dos terapeutas.

Fonte: Própria da pesquisa, 2020.

Outras telas apresentam ainda as seguintes funcionalidades:   confirmação de cadastro; menu expansivo- Meu Perfil, Rodas de Terapia, Notícias, Comunidades, Contatos, Locais, Ajuda e Configurações; informações sobre rodas realizadas; notícias – registro e consulta de informações armazenadas; espaço para partilhas de ideias e sugestões entre terapeutas; registro de comunidades; chat – interação com administrador, sugestões e dúvidas de usuário.

O desenvolvimento de ferramentas tecnológicas como o aplicativo TCIapp possibilita assim acessibilidade, integração e maior gerenciamento da roda de terapia. Com o avanço da inclusão de tecnologias no cenário de saúde, haverá um maior impacto positivo na assistência prestada, tornando-a mais segura e assertiva.

DISCUSSÃO 

As ferramentas tecnológicas no contexto atual têm se tornado indispensáveis no campo de atuação dos profissionais das PICS. Os aplicativos desenvolvidos para a área da saúde têm contribuído satisfatoriamente, permitindo a imersão dos usuários em ambiente virtual, disponibilizando informações seguras e sem custos adicionais. Nesse contexto, as ferramentas digitais se apresentam como novas possibilidades, novos recursos ou procedimentos, para facilitar a organização e a agilidade em serviços de saúde(14).

 No Brasil, a implementação da Política Nacional de Tecnologia vem contribuindo com avanços na área das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICS), permitindo mudanças positivas em diversas áreas do conhecimento, com destaque para o campo do cuidado e da promoção da saúde que tem se beneficiado com as possibilidades ofertadas. Nos últimos anos identificou um relevante movimento que promoveu a visão integral e participativa do indivíduo, facilitando sua maior implicação e responsabilidade no tratamento e as tecnologias em saúde favorecem e estimulam esse processo(15).

A apropriação da informação, principalmente no que se refere à saúde e suas práticas, seja ela individual, grupal ou institucional, promovem mudanças e ações que culminam com a evolução e o fortalecimento de ações capazes de enriquecer conhecimentos dos envolvidos no processo. Esse enriquecimento torna os envolvidos multiplicadores do conhecimento, ao tempo em que influenciam a relação ensino-aprendizado e promovem a educação em saúde(13).

Associada a esse contexto, as tecnologias têm promovido o desenvolvimento e o fortalecimento de ações de educação em saúde e o gerenciamento do cuidado. Existem possibilidades na utilização de diversos aparatos tecnológicos, a exemplo dos aplicativos embarcados em dispositivos móveis, os quais podem auxiliar no desenvolvimento e na disseminação das informações de educação em saúde, de maneira lúdica, comprometida e com seriedade. Dessa forma, torna-se visível a facilidade de acesso aos aplicativos pela disponibilidade em diversos sistemas operacionais que facilitam o download e utilização por várias pessoas(16).

Softwares voltados aos cuidados em saúde estão em desenvolvimento com diversas possibilidades para terapias. A utilização de aplicativos dessa natureza tem funcionado de maneira a auxiliar na promoção do cuidado à saúde, principalmente pelo maior acesso a informações, juntamente com a participação do usuário no seu tratamento. Por outro lado, a interface ensino-aprendizagem, no que tange ao processo saúde-doença ainda é pouco explorada(15).

As tecnologias virtuais não apresentam restrições e nem limitações e, por se caracterizar desta forma, torna-se um meio extremamente favorável para ser explorado pela possibilidade de capacitação e orientação de profissionais e da população em geral com temas relacionados a área da saúde(17).

A disponibilização de TICS para a atenção primária a saúde é um fator qualificador dos serviços públicos de saúde por aprimorar não só a dinâmica dos serviços, com a diminuição das despesas operacionais para o governo, a redução da demanda de ações em saúde, como também melhoria na qualidade de vida dos integrantes da comunidade assistida(18). Nesta lógica, os resultados de uma pesquisa que descreve a elaboração de aplicativo móvel para multiplataformas mostram que a utilização de tecnologias por profissionais é crescente e auxilia em sua assistência por permitir acessar conteúdos baseados em evidências em qualquer lugar, beneficiando a prática profissional(19).

O uso de tecnologias, para monitorar, promover cuidados e maior adesão aos tratamentos de saúde, já é uma realidade e facilita a maior integração entre equipemultiprofissional e usuários. Observa-se um fluxo contínuo permeado pela troca constante de informações entre os agentes envolvidos nesse processo. Essa funcionalidade tornou-se possível pelo progresso da tecnologia em saúde, associado ao uso dos aplicativos para smartphones, que possuem, entre suas características, fácil utilização e o maior acesso àinformação pelos usuários, as quais podem favorecer o binômio ensino-aprendizado.

Dessa forma aplicativos móveis funcionam como ferramentas de suporte, que fornecem experiências diferenciadas de aprendizagem e entretenimento para o seu usuário. Quando utilizados em associação a medidas terapêuticas, podem trazer benefícios ao tratamento, sem prejuízos para a qualidade do cuidado, implicando em maior apreensão do conhecimento pelos usuários, profissionais e pesquisadores(19).

O espaço virtual não apresenta restrições e nem limitações e, por se caracterizar desta forma, torna-se um meio extremamente favorável para as práticas de educação em saúde, que podem ocorrer através de diversos recursos de mídias, tais como: imagens, vídeos e sons, carregados com importantes conteúdos(18).

Dessa forma, a etapa de desenvolvimento da tecnologia móvel exige dos pesquisadores envolvidos um aprofundamento teórico e domínio da tecnologia a ser elaborada, mas não é a completude do processo de desenvolvimento da tecnologia. Como mencionado, é apenas uma etapa inicial que permitirá o desenho do produto e necessitará de avaliação das funções de autogestão, medidas de adesão, fidelização, uso contínuo, de modo a confirmar os benefícios e a eficácia(20).

Uma revisão de escopo mapeou todas as tecnologias em saúde que vem sendo desenvolvidas, e identificou como principais resultados que os aplicativos possuem uma prevalência 22%, tendo maior expressão nos tipos de tecnologia, embora predomine as de caráter assistencial (32%) e em sua maioria são destinados a usuários dos serviços de saúde(21).

Dessa forma, aplicativos vem sendo desenvolvidos para auxiliar os processos de saúde, como é o caso um app de educação sexual construído para prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (Prev-IST) em escolas públicas(22), e de outro aplicativo móvel para ampliação de informações sobre práticas integrativas e complementares em saúde no SUS (APP PICS)(23).

Contudo, a TCI também vem se modernizando para promover a saúde mental, como demonstrado pela terapia realizada na modalidade online, através da plataforma Google Meet, para cuidadores dos usuários de um Centro de Apoio Psicossocial Infantil (CAPSi) no Distrito Federal(24).

CONCLUSÃO

A partir da revisão integrativa respondeu-se ao questionamento de que o aplicativo móvel seria uma tecnologia em saúde que facilitaria a comunicação/interação entre Terapeutas Comunitários. Sendo assim, o objetivo proposto neste estudo foi alcançado, a partir do desenvolvimento de um produto tecnológico em forma de um aplicativo móvel norteador e inédito nomeado como “TCIapp”, oferecendo à rede de Terapeutas Comunitários um software que contribua para e execução das Rodas de TCI em serviços da rede pública de saúde.

Espera-se que a utilização do TCIapp de modo sistemático propicie informações para construção de um banco de dados que possibilidade a extração de informações pertinentes para o terapeuta comunitário, contribuindo no gerenciamento e organização dos grupos em atividade.

Almeja-se, também, que esse aplicativo seja um recurso bastante útil para a rede de terapeutas comunitários, por ser muito prático e fácil de ser usado além de ser bem acessível, na medida em que grande parte da população atual possui algum tipo de smartphone e tem algum tipo de acesso à internet.

Compreende-se, assim, que o desenvolvimento de aplicativos móveis relacionados a pesquisas científicas é importante, pois os conteúdos tendem a ser analisados e testados por profissionais que conhecem as reais necessidades dos usuários finais.

No entanto, é necessário destacar que os pesquisadores deste estudo desenvolveram as etapas iniciais de construção de um produto que deve ser concebido como um protótipo a ser testado, pelos terapeutas comunitários, motivo pelo qual ainda necessita de avaliação/validação científica e não pode ser disponibilizado para uso da rede. Fazendo-se necessário a realização de novo estudo para validação da ferramenta tecnológica por especialistas na temática.

O produto tecnológico quando implementado poderá oferecer a rede de Terapeutas Comunitários um aplicativo móvel para contribuir com o dinamismo e execução das Rodas de TCI, em serviços da rede pública de saúde, por compreender que este mecanismo é um facilitador para a atuação desse profissional.

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