PREVALÊNCIA DA SÍNDROME DE BURNOUT NOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19

PREVALENC OF BURNOUT SYNDROME IN NURSING PROFESSIONALS DURING THE COVID-19 PANDEMIC

PREVALENCIA DEL SÍNDROME DE BURNOUT EN PROFESIONALES DE ENFERMERÍA DURANTE LA PANDEMIA DEL COVID-19

AMANDA BEATRIZ ROCHA NOGUEIRA FÉLIX - Enfermeira graduada pelo Centro Universitário de
Brasília (CEUB). Especialista em Urgência e Trauma pelo Programa de Residência Multiprofissional de
Urgência e Trauma da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS). ORCID: 0000-0003-4151-2048

DÉBORA LAYANNE NUNES DOMIENSE - Enfermeira graduada pelo Centro Universitário do
Distrito Federal (UDF). Residente pelo Programa de Residência Multiprofissional de Urgência e Trauma
da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS). ORCID: 0009-0000-6248-5945

RAQUEL DO NASCIMENTO DIAS - Enfermeira graduada pelo Centro Universitário do
Planalto Central Apparecido dos Santos (UNICEPLAC). Residente pelo Programa de
Residência Multiprofissional de Urgência e Trauma da Escola Superior de Ciências de Saúde (ESCS). ORCID: 0009-0008-7609-5970

VEIDA BASTULHAR DOURADO FREITAS - Enfermeira graduada pela Universidade Evangélica
de Goiás. Especialista em Urgência e Trauma pelo Programa de Residência Multiprofissional de
Urgência e Trauma da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS). ORCID: 0000-0001-6182-2532

NAYARA DA SILVA LISBOA - Enfermeira graduada pela Universidade de Brasília.
Especialista em Urgência e Emergência é em Atenção ao Paciente Crítico. Mestre em Enfermagem
pela Universidade de Brasília. Preceptora do Programa de Residência Multiprofissional em
Urgência e Trauma da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS). ORCID:https://orcid.org/0000-0001-5855-7651 

THAÍS FERNANDES DE OLIVEIRA - Enfermeira graduada pela Escola Superior de
Ciências da Saúde. Especialista em Unidade de Terapia Intensiva e em Saúde do Adulto e Idoso.
Mestre em Enfermagem pela Universidade de Brasília. Preceptora do Programa de Residência
Multiprofissional em Urgência e Trauma da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS). ORCID: 0000-0001-9128-7796

LETÍCIA LOPES DORNELES - Enfermeira vinculada à Secretaria de Estado de
Saúde do Distrito Federal. Mestre em Ciências pela USP Ribeirão Preto. Doutoranda em Enfermagem em Saúde Pública pela USP Ribeirão Preto. Docente da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS). ORCID: 0000-0002-7643-5006 

MOISÉS WESLEY - Enfermeiro vinculado à Secretaria de Estado de
Saúde do Distrito Federal. Mestre em Ciências Médicas pela Universidade de Brasília (UnB).
Preceptor pelo Programa de Residência Multiprofissional de Urgência e Trauma da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS). ORCID: 0000-0002-8666-5702 

RESUMO:

Objetivo: Verificar a prevalência da Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem de um hospital público do Distrito Federal em cenário pandêmico de Covid-19. Método: Estudo epidemiológico transversal que se propõe a analisar a frequência de profissionais acometidos com Síndrome de Burnout na equipe de Enfermagem, os dados necessários para edificação do presente estudo foram adquiridos a partir de um instrumento validado para avaliar o desenvolvimento da Síndrome de Burnout - Maslach Burnout Inventory e de um instrumento auto-aplicado desenvolvido pelos autores, composto de quatro blocos de questões que analisaram dados demográficos, profissionais e variáveis psicossociais como fatores de estresse percebidos pela equipe de enfermagem. Resultado: A pesquisa aponta que mais de 50% dos profissionais se enquadram na fase inicial da síndrome. Conclusão: De acordo com os dados coletados nesta unidade, concluiu-se que durante a pandemia a maioria dos profissionais de enfermagem apresentavam indícios ou a fase inicial do esgotamento

DESCRITORES: Burnout; Esgotamento profissional; Enfermagem.

SUMMARY:

Objective: To verify the prevalence of Burnout Syndrome in nursing professionals at a public hospital in the Federal District in a Covid-19 pandemic scenario. Method: Cross-sectional epidemiological study carried out between April and June 2022, which proposes to analyze the frequency of professionals affected by Burnout Syndrome in the Nursing team,

the necessary data for the construction of the present study were acquired from a validated instrument to evaluate the development of the Burnout Syndrome - Maslach Burnout Inventory and from a self-applied instrument developed by the authors, composed of four blocks of questions that analyzed demographic data, professionals and psychosocial variables as stress factors perceived by the nursing team. Result: The survey indicates that more than 50% of professionals are in the initial phase of the syndrome. Conclusion: According to the data collected in this unit, it was concluded that during the pandemic most nursing professionals showed signs or the initial phase of exhaustion
DESCRIPTORS: Burnout; Professional burnout; Nursing.

RESUMEN:

Objetivo: Verificar la prevalencia del Síndrome de Burnout en profesionales de enfermería de un hospital público del Distrito Federal en un escenario de pandemia de Covid-19. Método: Estudio epidemiológico transversal que pretende analizar la frecuencia de profesionales afectados por el Síndrome de Burnout en el equipo de Enfermería, los datos necesarios para la construcción del presente estudio fueron adquiridos a partir de un instrumento validado para evaluar el desarrollo del Síndrome de Burnout - Maslach Burnout Inventory y de un instrumento autoaplicado desarrollado por los autores, compuesto por cuatro bloques de preguntas que analizaron variables demográficas, profesionales y psicosociales como factores de estrés percibidos por el equipo de enfermería. Resultados: La investigación indica que más del 50% de los profesionales se encuentran en la fase inicial del síndrome. Conclusión: De acuerdo con los datos recogidos en esta unidad, se concluye que durante la pandemia la mayoría de los profesionales de enfermería presentaron signos o la fase inicial de burnout.

DESCRIPTORES: Burnout; Agotamiento profesional; Enfermería.

1. INTRODUÇÃO

Segundo Maslach e Jackson, Burnout é um conjunto de sintomas caracterizados por exaustão emocional (cansaço e sensação de não poder oferecer mais aos outros), despersonalização (sentimentos impessoais em relação aos seus pacientes, tratando-os como objetos) e deficiência no sentimento de realizações pessoais. Essa síndrome psicológica afeta principalmente os profissionais que trabalham com pessoas em circunstâncias difíceis, como os profissionais de saúde. [1]

A profissão de Enfermagem presta o cuidado em por grande parte da carga de trabalho, tendo contato direto com pacientes e familiares. Fatores como a indefinição do papel profissional, a sobrecarga de trabalho frequentemente justificada por falta de pessoal e estimulada pelo pagamento de horas-extras, a falta de autonomia e autoridade na tomada de decisões geram um estado de estresse crônico, identificando-se como uma das profissões de maior incidência de burnout. [3]

Entre os eventos recentes que aumentam a incidência de burnout, pode-se citar a pandemia do novo coronavírus, em 2020. Com o aumento do número de infectados, a pandemia da COVID-19 causou um grande colapso hospitalar mundialmente, gerando uma imensa preocupação e estresse entre os profissionais de saúde e as autoridades governamentais. [4]

Assim, considerando que burnout é um fenômeno psicossocial relacionado diretamente à situação laboral e que a atividade produtiva é um elemento constitutivo da saúde mental individual e coletiva, este estudo teve como objetivo avaliar a Síndrome de Burnout (SB) em enfermeiros e técnicos de enfermagem de um hospital público da região sul do Distrito Federal, no enfrentamento da pandemia de Covid-19 verificando possíveis associações com variáveis demográficas, laborais e fatores de estresse percebidos no trabalho.

2. METODOLOGIA

Trata-se de estudo transversal realizado entre abril e junho de 2022 em um hospital público localizado na região sul do Distrito Federal, composta por 85 leitos no Pronto Socorro, sendo 55 no Pronto Socorro Adulto (PSA), incluindo 4 leitos do box de emergência da clínica médica e mais 32 leitos no Pronto Socorro da Cirurgia e Ortopedia (PSC), incluindo 2 leitos do box de emergência da cirurgia. Foi utilizado o instrumento validado para avaliar o desenvolvimento da Síndrome de Burnout - Maslach Burnout Inventory (MBI) em sua versão Human Services Survey (HSS) traduzida e adaptada. Esse instrumento avalia como o trabalhador caracteriza seu trabalho de acordo com as três dimensões previamente estabelecidas: exaustão emocional, realização profissional e despersonalização.

Foram utilizados os seguintes pontos de corte: 0 a 20 pontos: Nenhum indício da SB; 21 a 40 pontos: Possibilidade de desenvolver SB; 41 a 60 pontos: Fase inicial da SB; 61 a 80 pontos: instalação da SB; 81 a 100 pontos: fase crítica SB. Para a pontuação das respostas foi utilizado a escala de Likert, que varia de zero a cinco, sendo: (1) nunca, (2) anualmente, (3) mensalmente, (4) semanalmente, (5) diariamente.

Os instrumentos de coleta de dados foram aplicados aos profissionais que consentiram participar da pesquisa, sendo eles enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem e todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

O hospital estudado conta com 238 profissionais de enfermagem no Pronto Socorro, sendo 40 enfermeiros, 67 técnicos de enfermagem e 131 auxiliares de enfermagem. Foram incluídos na pesquisa apenas profissionais que façam o mínimo de 20h na instituição estudada. Os critérios de exclusão adotados foram: estar afastado por doença ou quaisquer tipos de licenças trabalhistas; não ter sido encontrado após três tentativas; e questionários respondidos de forma incompleta.

Para realização da coleta de dados foi necessário a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (número do parecer: 5.206.412 e CAAE: 53307821.8.0000.5553).

3. RESULTADOS

A amostra final foi composta por 92 profissionais. Quanto ao perfil sociodemográfico (tabela 1), identificou-se que o gênero feminino correspondeu a 77,2% (n=71). A faixa de idade com maior prevalência foi entre 40 e 50 anos (n=46), correspondendo a 50%. O estado civil de maior prevalência foi casado, correspondendo a 59,8% (n=55). Quanto ao número de filhos, 33,7% (n=31) possuem 3 ou mais.

Tabela 1. Características sociodemográficas dos participantes da pesquisa, Brasília, Distrito Federal, Brasil, 2023.

A Tabela 2 indica que 45,7% (n=42) dos participantes possuem ensino superior, 50% (n=46) trabalham em plantão diurno de 12h, 25% (n=27) apresentam entre 15 e 20 anos de experiência profissional e 84,8% (n=78) trabalham 40 horas semanais na instituição.

Tabela 2. Características profissionais dos participantes da pesquisa, Brasília, Distrito Federal, Brasil, 2023.

Quanto às variáveis psicossociais, os participantes deveriam assinalar “sim” ou “não” para a ocorrência frequente dos fatores estressores, conforme legenda do gráfico 1.

Com exceção dos itens 8 e 9, todos os fatores estressores foram citados por mais de 65% (n=60) dos participantes.

Gráfico 1. Variáveis psicossociais relacionadas à fatores estressores do trabalho, Brasília, Distrito Federal, Brasil, 2023.

Legenda:

  1. Paciente que demandam muito cuidado e atenção
  2. Sobrecarga de atividades
  3. Elevado número de pacientes no plantão
  4. Necessidade de atualização profissional
  5. Execução de atividades burocráticas
  6. Multiplicidade de papéis a desempenhar
  7. Falta de recursos materiais para o trabalho
  8. Relacionamento desgastante entre a equipe
  9. Falta de apoio de superiores e colegas
  10. Pouca participação em decisões institucionais

Fonte: Autores

Nesta pesquisa 54,3% (n=50) dos profissionais se enquadram entre a pontuação 41 e 60 do MBI, indicando a fase inicial do desenvolvimento da SB (gráfico 2).

Gráfico 2. Prevalência da Síndrome de Burnout identificada pelo MBI-HSS, Brasília, Distrito Federal, Brasil, 2023

Fonte: Autores

Gráfico 3. Resposta o questionário MBI-HSS, Brasília, Distrito Federal, Brasil, 2023.

Legenda:

  1. Sinto-me esgotado emocionalmente em relação ao meu
  2. Sinto-me excessivamente exausto(a) ao final da minha jornada de
  3. Levanto-me cansado(a) e sem disposição para realizar o meu
  4. Envolvo-me com facilidade nos problemas dos
  5. Trato alguns pacientes como se fossem da minha família.
  6. Tenho que fazer grande esforço para realizar minhas tarefas no
  7. Acredito que eu poderia fazer mais pelos pacientes assistidos por
  8. Sinto que meu salário é desproporcional às funções que
  9. Sinto que sou uma referência para as pessoas que lido
  10. Sinto-me com pouca vitalidade e muito desanimado(a).
  11. Não me sinto realizado(a) com meu
  12. Não sinto mais amor pelo meu trabalho como
  13. Não acredito mais naquilo que realizo
  14. Sinto-me sem forças para conseguir algum resultado significativo no
  15. Sinto que estou no emprego apenas por causa do salário.
  16. Tenho me sentido mais estressado(a) com as pessoas que
  17. Sinto-me responsável pelos problemas das pessoas que
  18. Sinto que as pessoas me culpam pelos seus
  19. Penso que não importa o que eu faça, nada vai mudar o meu
  20. Sinto que não acredito mais na profissão que exerço.

Fonte: Autores

Na análise da associação entre a Síndrome de Burnout através do MBI (variáveis dependentes) e dos dados sociodemográficos (variáveis independentes) foi identificado que a maioria dos participantes se encontraram na fase inicial da SB pontuando entre 41 a 60 pontos. Esse grupo tem 41,3% (n=38) mulheres, 30,43% (n=28) entre 40 e 50 anos, 39,13% (n=36) são casados, 19,57% (n=18) têm 2 filhos coincidindo com aqueles que tem 3 ou mais filhos, 27,17% (n=25) trabalham 12h durante o dia, 16,3% (n=15) trabalham entre 10 e 15 anos na enfermagem, 17,39% (n=16) trabalham entre 10 e 15 anos no Pronto Socorro, 45,65% (n=42) trabalham 40 horas semanais e 50% (n=46) dos profissionais concordam que o número de pacientes atendidos no período foi elevado.

 4.DISCUSSÃO 

Os resultados deste estudo evidenciaram que 83,7% das mulheres apresentaram alguma relação com o desenvolvimento da SB e somente 16,3% não apresentaram qualquer indício.

No estudo realizado por Chen (2021) sobre a determinação dos níveis de estresse, depressão e burnout de enfermeiros da linha de frente durante a pandemia de COVID-19 foi identificado que ser mulher e trabalhar em um hospital designado para atendimento de coronavírus são dois dos quatros fatores influentes relacionados ao esgotamento em termos de exaustão emocional. Além disso, fatores fisiológicos como às alterações hormonais, que em associação com à carga horária de trabalho, condições laborais e por

muitas vezes às tarefas domésticas de casa, levam ao comprometimento dos momentos de lazer e descanso, acarretando em um estresse emocional desgastante, propiciando à fadiga crônica mais prevalente em mulheres. [5] [6] [7]

Um estudo brasileiro demonstrou que a Burnout acomete indivíduos mais velhos, visto que com o processo de envelhecimento as pessoas tendem a desenvolver transtornos mentais devido à dificuldade de adaptação às condições laborais, corroborando com os dados encontrados na presente pesquisa que identificou 28 profissionais, entre 40 e 50 anos, com indícios de SB e 13 encontram-se na fase de instalação da síndrome . [7] [8]

Em relação ao estado civil, 59,78% da amostra é casada e destes 39,13% apresentam indícios de desenvolvimento de esgotamento e 10,87% na fase inicial da síndrome. Já em relação à quantidade de filhos, 64,92% têm pelo menos dois filhos. Vinte e nove participantes têm 2 filhos, sendo que 18 deles têm indícios de SB, a proporção se repete em relação aos que têm 3 ou mais filhos. Um estudo realizado por Maglallang (2021) sobre a demanda de trabalho e família e a relação da SB entre profissionais de saúde identificou que os casados e sem filhos podem desenvolver uma relação de melhor flexibilidade e assumir cargas de trabalho mais pesadas do que seus colegas com filhos, porém esse grupo apresentou a maior proporção de trabalhadores altamente sobrecarregados. Neste mesmo estudo ele descreve que ter filhos talvez seja um fator protetor contra o burnout. [9]

No presente estudo, o maior nível de escolaridade está relacionado com o desenvolvimento de SB. Os participantes que têm nível superior completo apresentaram maior nível de esgotamento quando comparados com os profissionais com nível fundamental ou médio. Os profissionais com especialização também apresentaram indícios significativos de desenvolvimento da síndrome. Outro estudo corrobora com esse resultado, indicando que o nível de escolaridade pode influenciar as percepções dos profissionais de saúde sobre a responsabilidade e o dever de cuidar. [10]

Esta amostra obteve resultados semelhantes a artigos publicados anteriormente no que concerne aos fatores estressores na jornada de trabalho, mais da metade dos participantes da pesquisa identificou oito dos dez fatores exposto no questionário, são eles: a alta demanda dos pacientes, a sobrecarga de atividades, o número elevado de pacientes no plantão, a necessidade de atualização profissional, a execução de muitas atividades burocráticas em detrimento da assistência, a multiplicidade de papéis a

desempenhar, a falta de recursos materiais para o trabalho e a pouca participação em decisões institucionais.  [11]

A relação com a SB se mostra similar nos trabalhadores que fazem 12 horas de plantão, sendo diurno ou noturno, nesse aspecto a maior parte, 27,17% e 26,09% respectivamente, apresentaram indícios de desenvolvimento do esgotamento profissional. A carga horária de 40 horas semanais também apresentou maior relação com SB quando comparada com os que fazem 20 horas semanais, 45,65% apresentaram indícios de esgotamento. Sousa (2020) evidenciou que 72,4% dos profissionais de enfermagem sentem-se sobrecarregados no seu ambiente de trabalho, pois além da baixa remuneração e o aumento conseguinte da jornada de trabalho, outros fatores como condições insalubres de trabalho, excesso de demanda, entre outros, levam à exaustão emocional, o que prejudica o profissional durante a realização das suas atividades e colabora diretamente para o surgimento da SB. [13] [14]

Este estudo apresentou limitações, podendo-se destacar alguns itens das perguntas que constituíram o instrumento de coleta de dados, que podem ter sido mal compreendidas ou respondidas distorcidamente, uma vez que a coleta foi baseada em questionários auto aplicáveis. Além disso, o MBI-HSS não tem poder diagnóstico, para confirmar a SB, sendo necessária a avaliação por um psiquiatra experiente. Contudo, trata-se de um estudo relevante que contribuiu para identificar possíveis comportamentos e fatores associados à SB na equipe de enfermagem que atuou durante a pandemia da COVID-19.

 5. CONCLUSÃO

Durante a pandemia a equipe de enfermagem estava exposta não só a infecção pelo vírus, mas também a desgastes profissionais devido a demanda excessiva de pacientes que evoluíram com gravidade, além disso houve falta de insumos nas redes hospitalares nacional e internacionalmente, todos esses fatores expostos no estudo contribuíram para o desenvolvimento de indícios da Síndrome de Burnout. Nesta unidade de saúde não foi significativo o número de profissionais com a fase crítica da SB, a sua maioria apresentou indícios da síndrome ou a fase inicial do esgotamento.

Esperou-se encontrar uma prevalência significativa da Síndrome de Burnout em seu estado crítico, visto que o contexto pandêmico favoreceu um maior impacto no esgotamento laboral causado devido aumento do desgaste físico e mental nos profissionais de enfermagem. No entanto, o resultado obtido foi diferente do esperado,

pois os participantes da pesquisa apresentaram maior prevalência na categoria de fase inicial do desenvolvimento da Síndrome de Burnout. Esse desfecho pode ser justificado por um fator observado durante a coleta de dados, onde as pesquisadoras puderam observar o medo de retaliação da equipe de enfermagem pela chefia após o resultado da pesquisa, alguns profissionais expressaram o receio de represália caso o resultado se tornasse público, ainda que os questionários fossem anônimos, dessa forma as resposta aos instrumentos podem não ter sido fidedignas ao contexto.

Os fatores geradores de estresse no   ambiente laboral devem ser conhecidos e identificados pelos gestores e profissionais que   trabalham   no   cenário   de urgência e emergência, para a busca efetiva de ações e soluções que diminuam o risco de adoecimento pela síndrome de Burnout.

6. REFERÊNCIAS

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