SAÚDE FUNCIONAL DE TRABALHADORES EM FASE DE REABILITAÇÃO POR LOMBALGIA CRÔNICA E A CONDIÇÃO DE CINESIOFOBIA E DO CAPITAL PSICOLÓGICO
FUNCTIONAL HEALTH OF WORKERS UNDERGOING REHABILITATION FOR CHRONIC LOW BACK PAIN AND THE CONDITION OF KINESIOPHOBIA AND PSYCHOLOGICAL CAPITAL
LA SALUD FUNCIONAL DE LOS TRABAJADORES SOMETIDOS A REHABILITACIÓN POR LUMBALGIA CRÓNICA Y LA CONDICIÓN DE KINESIOFOBIA Y CAPITAL PSICOLÓGICO
AUTORES
Mariana Bock da Costa - Fisioterapeuta pelo Curso de Fisioterapia, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, SC, Brasil. ORCID: http://orcid.org/0009-0003-0253-9122
Daniela Vitorassi Longen - Fisioterapeuta. Mestre em Saúde Coletiva pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva-PPGSCol, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, SC, Brasil. ORCID: http://orcid.org/0000-0002-9101-2837
Willians Cassiano Longen- Fisioterapeuta. Doutor em Ciências da Saúde. Professor do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva-PPGSCol, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, SC, Brasil. ORCID: http://orcid.org/0000-0001-8336-2311
RESUMO
Objetivo: Analisar se há relação entre o capital psicológico e cinesiofobia em pacientes com dor lombar crônica de um Núcleo de Reabilitação de Trabalhadores. Métodos: estudo de campo, exploratório descritivo e quantitativo com abordagem transversal, em trabalhadores formais e informais de ambos os sexos, idades entre 29 a 67 anos, com dor lombar crônica. O projeto foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade do Extremo Sul Catarinense, com o número 5.821.064. Utilizando as triagens do Núcleo de Reabilitação de Trabalhadores; aplicado um questionário referente a questões sociodemográficas, comportamentais e de trabalho; a Escala de Tampa para Cinesiofobia avaliar grau de cinesiofobia; e a Escala do PsyCap Abreviado versão traduzida e validada para a língua portuguesa, envolvendo o Capital Psicológico, para avaliar as 4 capacidades. Resultados: A intensidade dolorosa associada a cinesiofobia apresentou significativa relação entre esses dois fatores. A média da cinesiofobia na dor intensa foi maior do que na dor moderada. No entanto não houve resultados significativos na associação do capital psicológico e intensidade dolorosa neste estudo. Conclusão: Os objetivos iniciais de averiguar a relação entre os dois fatores do estudo não foram alcançados, acredita-se que esta limitação se deve ao número baixo de pacientes com dor lombar crônica atendido pelo Núcleo de Reabilitação de Trabalhadores, todavia pode-se afirmar que o capital psicológico está associado a níveis de satisfação, desenvolvimento e bem-estar relacionado ao ambiente organizacional de modo geral, e que pacientes com dor lombar apresentam nível moderado de cinesiofobia e quando associado a dor, possuem um grau de dor intensa.
Palavras-chaves: dor lombar crônica, capacidade funcional, cinesiofobia, autoeficácia, esperança, resiliência e otimismo.
ABSTRACT
Objective: To analyze whether there is a relationship between psychological capital and kinesiophobia in patients with chronic low back pain at a Workers Rehabilitation Center. Methods: field study, exploratory, descriptive and quantitative with cross-sectional approach, in formal and informal workers of both sexes, aged between 29 and 67 years, with chronic low back pain. Approval from the Research Ethics Committee of the University of Extremo Sul Catarinense, number 5.821.064. Using the Workers Rehabilitation Nucleus screenings; applied a questionnaire referring to sociodemographic, behavioral and work issues; the Tampa Scale for Kinesiophobia to assess the degree of kinesiophobia; and the PsyCap Abbreviated Scale translated and validated for the Portuguese language, involving the Psychological Capital, to assess the 4 capabilities. Results: Pain intensity associated with kinesiophobia showed a significant relationship between these two factors. The average of kinesiophobia in severe pain was higher than in moderate pain. However, there were no significant results in the association between psychological capital and pain intensity in this study. Conclusion: The initial objectives of investigating the relationship between the two factors of the study were not achieved, it is believed that this limitation is due to the low number of patients with chronic low back pain attended by the Rehabilitation Center for Workers, however it can be stated that psychological capital is associated with levels of satisfaction, development and well-being related to the organizational environment in general, and that patients with low back pain have a moderate level of kinesiophobia and, when associated with pain, have an intense degree of pain.
Keywords: chronic low back pain, functional capacity, kinesiophobia, self-efficacy, hope, resilience and optimism.
RESUMEN
Objetivo: Analizar si existe relación entre el capital psicológico y la kinesiofobia en pacientes con lumbalgia crónica de un Centro de Rehabilitación de Trabajadores. Método: Estudio de campo exploratorio, descriptivo y cuantitativo, con enfoque transversal, que incluyó trabajadores formales e informales de ambos sexos, con edades entre 29 y 67 años, con lumbalgia crónica. El proyecto fue evaluado y aprobado por el Comité de Ética de la Investigación (CEP) de la Universidade do Extremo Sul Catarinense, bajo el número 5.821.064. A partir de las evaluaciones del Centro de Rehabilitación de Trabajadores, se aplicó un cuestionario sobre aspectos sociodemográficos, comportamentales y laborales; la Escala Tampa de Kinesiofobia evaluó el grado de kinesiofobia; y la Escala Abreviada PsyCap traducida y validada para el idioma portugués, que involucra el Capital Psicológico, para evaluar las 4 capacidades. Resultados: La intensidad del dolor asociada a la kinesiofobia mostró una relación significativa entre estos dos factores. La puntuación media de kinesiofobia para el dolor intenso fue mayor que para el dolor moderado. Sin embargo, en este estudio no se obtuvieron resultados significativos en la asociación entre el capital psicológico y la intensidad del dolor. Conclusión: No se alcanzaron los objetivos iniciales de investigar la relación entre ambos factores en el estudio, y se cree que esta limitación se debe al bajo número de pacientes con lumbalgia crónica atendidos por el Centro de Rehabilitación de Trabajadores. No obstante, se puede afirmar que el capital psicológico se asocia a niveles de satisfacción, desarrollo y bienestar relacionados con el entorno organizacional en general, y que los pacientes con lumbalgia presentan un nivel moderado de kinesiofobia y, cuando se asocia a dolor, presentan un grado de dolor intenso.
Palabras clave: lumbalgia crónica, capacidad funcional, kinesiofobia, autoeficacia, esperanza, resiliencia y optimismo.
RECEBIDO: 03/11/2023 APROVADO: 15/12/2023
TIPO DE ARTIGO: ARTIGO ORIGINAL
INTRODUÇÃO
A lombalgia crônica não decorre somente de doenças específicas, mas sim de um conjunto de causas, como fatores sociodemográficos, fatores comportamentais, situações ocorridas nas atividades cotidianas e entre outros referindo-se à obesidade e as morbidades psicológicas ¹.
A dor lombar é a causa mais frequente de limitações físicas e afastamento do trabalho, a mesma está associada a diversos distúrbios. Para a Organização Mundial de Saúde, as organizações vêm apresentando crescentes buscas por qualidade de vida no trabalho, devido a compreensão de que saúde não se dá apenas pela ausência de doenças, e sim porque ela é considerada estado físico, psíquico e social².
Assegura-se que a qualidade de vida no trabalho pode ser considerada como movimento na direção ao respeito pelo bem-estar dos indivíduos do ponto de vista biológico, psicológico e social ².
A manifestação dos sintomas em pacientes com lombalgia crônica tem sido constantemente considerada uma ferramenta preditiva do perfil psicológico e avaliado que a consciência da relação da incapacidade com a intensidade da dor e com o perfil cognitivo-comportamental do paciente pode fornecer informações valiosas que podem ser usadas para prever o prognóstico e o tratamento, e ajudar a escolher a melhor abordagem terapêutica para este paciente ³.
Nesta linha é importante mencionar o capital psicológico positivo em pacientes com lombalgia crônica, uma abordagem da psicologia com objetivo de avaliar o estado psicológico do indivíduo, caracterizado por autoeficácia, esperança, resiliência e otimismo, que pode ser desenvolvido e relacionado ao desempenho no trabalho. Estas capacidades estão diretamente relacionadas com o comprometimento organizacional, a satisfação no trabalho, a criatividade, o desempenho e o bem-estar dos indivíduos 4.
Há fatores que resultam nos pacientes, o medo de realizar qualquer tipo de exercício, visto que o medo é considerado um fator relevante para entender como a dor aguda se torna crônica para alguns pacientes e por que a dor e os resultados associados persistem após a cicatrização do dano tecidual. A dor e o medo têm sido descritos com uma diversidade de definições, entre elas, crenças, medo de movimento e cinesiofobia, são os mais utilizados, neste contexto pode-se associar a dor lombar com a cinesiofobia em diversos pacientes, os mesmos apresentam deficiências associadas às condições da região lombar e podem ser resultado de uma combinação de fatores psicossociais e alterações nas funções corporais de acordo com a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) 5.
A cinesiofobia é definida como um medo irracional, excessivo, e debilitante de realizar um movimento físico, devido a uma sensação de vulnerabilidade a uma lesão dolorosa ou relesão.
Visto ao grande número de pacientes diagnosticados com dor lombar crônica e que apresentam alguma afinidade com a cinesiofobia e principalmente com o capital psicológico, este estudo teve por objetivo avaliar com base no Questionário de Capital Psicológico e na Escala de Tampa para Cinesiofobia, os níveis de capital psicológico, cinesiofobia em pacientes com dor lombar crônica.
MÉTODO
Trata-se de um estudo de campo, exploratório descritivo e quantitativo com abordagem transversal. Foram incluídos no estudo trabalhadores formais e informais de ambos os sexos, idades entre 29 à 67 anos, com dor lombar crônica que aceitaram participar da pesquisa. Foram excluídos da pesquisa trabalhadores que não contem com a triagem do núcleo no momento da coleta, que contem com quadro agudos ou subagudos de lombalgia.
Foi realizado análise das triagens realizadas pelo Núcleo de Reabilitação de Trabalhadores para maior conhecimento dos participantes da pesquisa, posteriormente aplicado um questionário referente a questões sociodemográficas, comportamentais e de trabalho, assim como aplicado a Escala de Tampa para Cinesiofobia e a Escala do PsyCap Abreviado versão traduzida e validada para a língua portuguesa, envolvendo o Capital Psicológico, para avaliar os pacientes. O local da coleta de dados para a pesquisa, foi no Núcleo de Promoção e Atenção Clínica à Saúde do Trabalhador por um período de 30 dias. Era realizado a apresentação dos objetivos e das informações necessárias e, logo após a anuência e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), conduzido o paciente à entrevista. Todos os questionários foram aplicados na forma de entrevista; e, quando o paciente não compreendia a pergunta, o entrevistador relia a questão na íntegra.
A Escala de Tampa para Cinesiofobia trata-se de um instrumento utilizado para quantificar o nível de medo dos pacientes em realizar algum exercício, criado pelo autor Jamir Sardá. Este instrumento é composto por 17 perguntas, onde o paciente responde se concorda totalmente (1), concorda parcialmente (2), discorda parcialmente (3) ou discorda totalmente (4), assim somando no final das perguntas, um número que será analisado e verificado se o paciente possui níveis de cinesiofobia.
A Escala de PsyCap (PCQ-12), trata-se de um instrumento utilizado para quantificar o nível de alterações em quatro capacidades, sendo elas autoeficácia, esperança, otimismo e resiliência, criado pelo autor Lufthans e a versão portuguesa pelo autor Martins. Este instrumento é composto por 12 perguntas, em uma escala Likert de 1 a 5, sendo 1 para discordo totalmente a 5 concordo totalmente. Na forma reduzida 4 itens avaliam a esperança, 3 itens a autoeficácia, 3 itens a resiliência e 2 itens mensuram o otimismo. O valor total do Psycap corresponde ao nível de Capital Psicológico positivo que um indivíduo dispõe, onde será avaliado em cada capacidade suas alterações relacionadas ao trabalho.
Para avaliar a associação entre capital psicológico e a cinesiofobia foi utilizada a correlação de Pearson utilizando nível de significância de 5% (valor p<0,05). Foi apresentado o coeficiente de correlação (r).
Teste t de Student para amostras independentes foi utilizado para avaliar as associações entre intensidade da dor e cinesiofobia, e intensidade da dor e capital psicológico. Também foi utilizado nível de significância de 5% (valor p<0,05).
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC com o número 5.821.064, CAAE: 65669722.1.0000.0119. A coleta de dados apenas foi iniciada após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa selecionado, de acordo com a Resolução nº 466, de 2012, do Conselho Nacional de Saúde, e após obtenção de assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
RESULTADOS
O estudo contou com pacientes em atendimento com dor lombar crônica no Núcleo de Reabilitação de Trabalhadores de uma Universidade do Sul Catarinense, que preenchiam os critérios de inclusão no levantamento prévio. No período da coleta dos dados 18 pacientes participaram do estudo. A partir das informações coletadas, foi possível analisar o capital psicológico e a cinesiofobia como indicador de saúde funcional dos pacientes. As características sociodemográficas são apresentadas na Tabela 1. Observa-se que a maioria da amostra é composta por pacientes do sexo feminino (77,8 %) e cor branco (51,1%), com média de idade 49,88 ± 10,36 casados (as) 50%. A maioria dos pacientes entrevistados têm como escolaridade ensino médio completo (38,9%) e renda de R$ 800,00 a R$ 3.200,00 (72,2%).
Tabela 1. Distribuição dos dados referentes ao Questionário Sociodemográfico dos pacientes com dor lombar crônica atendidos pelo Núcleo de Reabilitação de Trabalhadores de uma Universidade do Sul Catarinense.
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Média, n (%) |
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n=18 |
Sexo |
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Masculino |
04 (22,2) |
Feminino
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14 (77,8) |
Idade (anos) |
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29 – 38 |
04 (22,2) |
39 – 48 49 – 58 59 ou mais |
03 (16,7) 07 (38,9) 04 (22,2) |
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Estado Civil |
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Solteiro (a) |
03 (16,7) |
Casado (a) / União Estável |
09 (50) |
Divorciado (a) / Separado |
05 (27,8) |
Viúvo |
01 (5,5) |
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Cor |
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Branco |
11 (61,1) |
Preto Pardo |
04 (22,2) 03 (16,7) |
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Escolaridade |
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Ensino Fundamental Incompleto |
04 (22,2) |
Ensino Fundamental Completo |
01 (5,5) |
Ensino Médio Completo |
07 (38,9) |
Ensino Superior Incompleto |
01 (5,5) |
Ensino Superior Completo |
05 (27,8) |
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Renda |
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800 – 3.200 3.201 - 5.600 Acima de 5.601 |
13 (72,2) 04 (22,2) 01 (5,5) |
Fonte: Dados da Pesquisa (2023).
A Tabela 2 diz respeito aos dados comportamentais e de trabalho. Sobre o uso do tabaco, 83,33% da amostra diz não utilizar. No que diz respeito a qualidade de sono, 38,9 considera o sono bom, 16,7% o sono regular, 44,4% avaliam o sono ruim ou muito ruim. No que se refere à atividade física, 77,8 % dos participantes afirmam não praticar. No tocante a variação de peso desde o início da função, 50 % declaram aumento de peso, contudo, 33,3% afirmam ter diminuído o peso e 16,7% não alterou. Em relação ao nível de dor, 50% da amostra afirma uma dor moderada e 50% afirmam uma dor intensa.
Tabela 2. Distribuição dos dados comportamentais e do trabalho dos pacientes com dor lombar crônica atendidos pelo Núcleo de Reabilitação de Trabalhadores de uma Universidade do Sul Catarinense.
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Média, n (%) |
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n=18 |
É tabagista? |
|
Sim |
03 (16,67) |
Não
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15 (83,33) |
Quantas horas você costuma dormir por dia considerando dias de semana (de segunda a sexta-feira)? |
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02 – 06 horas 07 ou mais horas |
07 (38,9) 11 (61,1)
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Como você considera o seu sono? |
|
Bom |
07 (38,9) |
Regular Ruim Muito Ruim
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03 (16,7) 04 (22,2) 04 (22,2)
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Realiza atividade física? |
|
Sim |
04 (22,2) |
Não
Quanto tempo de atividade física você realiza por semana? Menos de 150 minutos 150 minutos ou mais Não se aplica
Houve variação no seu peso desde o início da função até os dias de hoje? Aumentou Diminuiu Não alterou
Quantos quilos? Aumentou até 10kg Aumentou acima de 11kg Diminuiu até 10kg Diminuiu acima de 11kg Não alterou
Qual o nível de sua dor? Moderada Intensa |
14 (77,8)
02 (11,1) 02 (11,1) 14 (77,8)
09 (50) 06 (33,3) 03 (16,7)
05 (27,8) 04 (22,2) 04 (22,2) 02 (11,1) 03 (16,7)
09 (50) 09 (50)
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Fonte: Dados da Pesquisa (2023)
O capital psicológico em pacientes com dor lombar crônica foi apresentado na Tabela 3. A versão reduzida da Escala de PsyCap (PCQ-12) elaborada por Luthans e Avolio (2007) é composta por 12 itens organizados em uma escala Likert de 1 a 5, sendo 1 para discordo totalmente a 5 concordo totalmente. A avaliação de cada uma das dimensões que compõem o instrumento está distribuída da seguinte forma: questões 1, 2 e 3 referem-se à dimensão autoeficácia, questões 4, 5, 6 e 7 referem-se à esperança, questões 8, 9 e 10 à resiliência e questões 11 e 12 à dimensão otimismo (MARTINS et al., 2011).
Tabela 3. Capital Psicológico dos pacientes com dor lombar crônica atendidos pelo Núcleo de Reabilitação de Trabalhadores de uma Universidade do Sul Catarinense
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Média, n (%) |
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n=18 |
Geral
Autoeficácia
Esperança
Resiliência
Otimismo |
3,74
3,92
3,66
3,83
3,44 |
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Fonte: Dados da Pesquisa (2023).
A Tabela 4 observou que no geral da cinesiofobia, que 45,4% dos pacientes possuem medo de realizar exercício, sendo considerado os níveis como, leve de 17 a 34 pontos, moderado 35 a 50 pontos e grave de 51 a 68 pontos. A maioria dos pacientes (61,1%) apresentaram nível moderado para cinesiofobia e 27,8% para nível grave. Já a correlação entre capital psicológico e cinesiofobia em pacientes com dor lombar crônica não foi significativa, conforme coeficiente de correlação: 0,016, valor p: 0,950.
Tabela 4. Cinesiofobia dos pacientes com dor lombar crônica atendidos pelo Núcleo de Reabilitação de Trabalhadores de uma Universidade do Sul Catarinense
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Média, n (%) |
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n=18 |
Geral
Leve
Moderado
Grave |
45,4
02 (11,1)
11 (61,1)
05 (27,8) |
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Fonte: Dados da Pesquisa (2023).
Quanto a intensidade dolorosa associada a cinesiofobia na tabela 5, ao ser analisada apresentou significativa relação entre esses dois fatores, por ser menor que 0,05. A média da cinesiofobia na dor intensa foi maior do que na dor moderada. No entanto não houve resultados significativos na associação do capital psicológico e intensidade dolorosa neste estudo.
Tabela 5. Associação entre intensidade dolorosa e cinesiofobia
Intensidade da dor* |
n |
Média±DP |
Valor p |
|
|
|
0,026 |
Moderada |
9 |
41,6±7,2 |
|
Intensa |
9 |
49,3±6,2 |
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*Não foi relatada dor leve.
DP: desvio padrão
**Correlação de Pearson.
DISCUSSÃO
A literatura aponta que quase 27 milhões de adultos brasileiros com mais de 18 anos relatam problemas na coluna. Essa condição afeta predominantemente o sexo feminino devido às suas condições anatômicas e funcionais 6. Compreende-se que são poucos os estudos que relacionam a dor lombar crônica com a cinesiofobia e o capital psicológico, no entanto há estudos que associam a dor lombar com alterações psicológicas, que afirmam que o os aspectos psicossociais podem desempenhar um papel no início, gravidade e exacerbação ou manutenção da dor 7.
Os distúrbios da coluna lombar são geralmente prevalentes entre os trabalhadores com sobrecarga lombar, decorrentes de postura inadequada, trabalho repetitivo e fatores de risco psicológico, incluindo estresse, angústia, ansiedade, depressão e insatisfação no trabalho, percebe-se que a dor lombar em trabalhadores é algo muito recorrente 8. A alta prevalência de dor lombar nessa população pode trazer consequências negativas para a qualidade de vida, funcionalidade e produtividade no trabalho, a literatura corrobora para este estudo, onde foi possível analisar que a dor manteve uma média de grau de 7,22 conforme a Escala Visual Analógica (EVA), tendo um índice de dor moderada e relevante para o desenvolvimento das atividades laborais.
Um levantamento realizado pela Organização Mundial da Saúde mostra que somente a dor de cabeça supera a dor lombar, sendo que 80% da população em algum momento vai ter dor na coluna lombar 9. A prática de atividades físicas é indicada para evitar ou minimizar estas dores, todavia este estudo apresentou um índice de 77,8% como não realização de atividades física, isto demostra que 14 trabalhadores avaliados nesta pesquisa num total de 18 trabalhadores não realizam atividade física.
Um estudo apontou que indivíduos acreditam que a atividade física está relacionada com a presença da dor e, acabam por apresentar medo do movimento, contribuindo para o desuso, a incapacidade funcional e a baixa qualidade de vida ao longo do tempo10, outro estudo confirmou que a dor influenciava o movimento, e consequentemente o desempenho funcional, sugerindo um maior receio em realizar atividades físicas, neste aspecto a literatura corrobora para os achados desta pesquisa 11.
O capital psicológico dos pacientes com dor lombar crônica foi avaliado por meio do Psychological Capital Questionnaire (PsyCap-12) de Luthans, Youssef e Avolio (2004). O capital psicológico tem promovido o avanço das pesquisas sobre a psicologia positiva, igualmente, pesquisas com o objetivo de validar o questionário do capital psicológico foram realizadas em países, como Estados Unidos 12, Espanha 13, Portugal 14 e Brasil 15. Visto que, estudos envolvendo o PCQ12, versão reduzida do questionário, demostraram boas propriedades psicométricas, podendo ser utilizado em amplas amostras, apresentando invariância de medida e evidências de validade no contexto brasileiro 16.
Ao contrário da hipótese desse estudo, que sugeria uma diminuição nos escores do capital psicológico, os achados envolvendo as dimensões do instrumento mensurados através da pontuação do PCQ-12 ficaram acima do ponto médio, demostrando assim que a maioria dos pacientes com dor lombar crônica possuem elevado domínio geral do capital psicológico. Compreende-se dessa forma que os pacientes com dor lombar crônica estudada apresentam no momento um estado de aprimoramento psicológico estando confiante para concluir com sucesso uma tarefa desafiadora, apresentando perseverança para estabelecer metas e, se necessário, mudar os meios pelos quais busca alcançar esses objetivos. Também revela a capacidade de se recuperar da adversidade que possa surgir no ambiente laboral, evidenciando dessa forma sua resiliência. Os elementos do capital psicológico descritos no presente estudo operam de maneira sinérgica e constituem em um investimento emocional que apoia a tomada de decisão do indivíduo em situações estressantes. Essas características supracitadas são fundamentais para o desenvolvimento e satisfação com a carreira profissional 17.
Estudos também sugerem que o estado mental de um indivíduo intervém na relação entre comprometimento e desempenho e entre trabalho e desenvolvimento humano, conforme determinado pela influência combinada de fatores cognitivos e subjetivos, ambientais e comportamentais que interagem em reciprocidade18, 19. Outros achados apontam que as características do capital psicológico positivo e construção de padrões de pensamento mais positivos podem fortalecer recursos psicológicos propícios para a manutenção da saúde mental, assim como de bem-estar e sucesso profissional20.
Em um estudo relatam que o termo cinesiofobia é definido como medo excessivo, irracional e debilitante do movimento e da atividade física, que resulta em sentimentos de vulnerabilidade à dor ou em medo de reincidência da lesão 21. Um estudo indicou que a dor influencia o desempenho funcional e o medo em realizar atividades (cinesiofobia). Assim como, o medo em realizar atividade mostrou associação com um menor desempenho funcional, este estudo analisou um resultado significativo quando comparado a dor e a cinesiofobia 22.
Analisando os resultados encontrados na população estudada, de acordo com valores de referência encontrados na literatura, foram observados um alto grau de cinesiofobia (média de 48,07 na TSK). Neste estudo, a média de dor relatada pelos entrevistados foi intensa (49,3±6,2). Dessa forma, a associação encontrada, entre as variáveis analisadas, sugere que a dor, é capaz de interferir no dia a dia do paciente, podendo comprometer o desempenho funcional e a qualidade de vida. Essa limitação pode ser determinada pelo próprio fator de comprometimento músculo-esquelético, mas também, pode estar relacionada com o medo em aumentar o sofrimento e/ ou a dificuldade em enfrentar a sua condição 22.
Alguns estudos discutem a ideia de que a cinesiofobia pode vir a ser mais incapacitante do que a própria intensidade da dor do indivíduo, remetendo à importância de insistir na realização de movimentos e exercícios de exposição gradual mesmo em quadros de dor mais graves 23, 24.
CONCLUSÃO
O estudo objetivou buscar evidências sobre a relação entre capital psicológico e cinesiofobia, e análises adicionais foram incluídas nesta pesquisa, observando a intensidade dolorosa e os dois fatores.
Faz-se necessário destacar que os objetivos iniciais de averiguar a relação entre os dois fatores do estudo não foram alcançados, acredita-se que esta limitação se deve ao número baixo de pacientes com dor lombar crônica atendido pelo Núcleo de Reabilitação de Trabalhadores.
Todavia pode-se afirmar que o capital psicológico está associado a níveis de satisfação, desenvolvimento e bem-estar relacionado ao ambiente organizacional de modo geral, e que pacientes com dor lombar apresentam nível moderado de cinesiofobia e quando associado a dor, possuem um grau de dor intensa.
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