SINTOMAS PSICOSSOMÁTICOS EM PROFISSIONAIS DA SAÚDE À FRENTE DO COMBATE A PANDEMIA DO COVID -19

“PSYCHOSOMATIC SYMPTOMS IN HEALTH PROFESSIONALS FIGHTING THE COVID PANDEMIC -19”

“SÍNTOMAS PSICOSOMÁTICOS EN PROFESIONALES DE LA SALUD QUE LUCHAN CONTRA LA PANDEMIA DEL COVID -19”

Michele da Cruz Barroso[1];

Marcela Lobão De Oliveira[2];

Gilberto Assunção Costa Júnior[3];

Quéren Quezia Penha Campos[4];

Rita Karla Pereira de Araújo[5];

Thaisa Viviane Feio da Luz de Faria[6];

[1] Graduanda em Psicologia da Universidade CEUMA. ORCID: (0000-0002-1719-429X) 

[2]Professora Mestra da Universidade CEUMA e coordenadora do Grupo de Pesquisa em Gerontologia (GeronPsico). ORCID: (0000-0002-0508-7980) ;

[3] Professor Mestre da Universidade CEUMA e coordenador do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas e Saúde Coletiva (PePOP). ORCID: (0000-0001-8097-4339)

[4] Graduanda em Medicina pela Universidade CEUMA ORCID: (0000-0001-58809863)

[5] Graduanda em Medicina pela Universidade CEUMA. ORCID: (0000-0003-1197-5797)

[6] Graduanda em Medicina pela Universidade CEUMA ORCID: (0000-0001-7942-6060)

RESUMO

A pandemia da covid-19 trouxe uma série de impactos a população mundial, principalmente, aos profissionais da saúde. OBJETIVO: Correlacionar o adoecimento psicossomático com estes impactos da covid-19 nos profissionais da linha de frente e evidenciar a necessidade de estratégias que promovam cuidados psicossociais.MÉTODO: Pesquisa de campo descritiva com estudo transversal qualitativo e quantitativo, com 31 profissionais da saúde, dos sexos masculino e feminino, maiores de 18 anos, de instituições de saúde pública e privada da cidade de São Luís-MA; dados coletados através de questionário on-line eanálise de conteúdo segundo Bardin. RESULTADO: Percebeu-se que os profissionais de saúde que atuaram no enfrentamento da pandemia estão mais propensos a apresentar ou intensificar os sintomas psicossomáticos, impactando em sua saúde mental, com prejuízos na qualidade de vida. CONCLUSÃO:Há relação entre impactos gerados pela covid-19 e manifestações dos sintomas psicossomáticos, sendo necessário cuidados psicossociais a esses profissionais de saúde.

DESCRITORES:  Saúde; Pandemia; Covid-19.

ABSTRACT

The covid-19 pandemic brought a series of impacts to the world's population, especially to health professionals. OBJECTIVE: To correlate psychosomatic illness with these impacts of covid-19 on frontline professionals and highlight the need for strategies that promote psychosocial care. METHOD: Descriptive field research with qualitative and quantitative cross-sectional study, with 31 health professionals, male and female, over 18 years old, from public and private health institutions in the city of São Luís-MA; data collected through an online questionnaire and content analysis according to Bardin. RESULT: It was noticed that health professionals who acted in the face of the pandemic are more likely to present or intensify psychosomatic symptoms, impacting their mental health, with damage to their quality of life. CONCLUSION: There is a relationship between impacts generated by covid-19 and manifestations of psychosomatic symptoms, requiring psychosocial care for these health professionals.

DESCRIPTORS: Health; Pandemic; Covid-19.

RESUMEN

La pandemia de covid-19 ha traído una serie de impactos a la población mundial, especialmente a los profesionales de la salud. OBJETIVO: Correlacionar la enfermedad psicosomática con estos impactos del covid-19 en los profesionales de primera línea y destacar la necesidad de estrategias que promuevan la atención psicosocial.MÉTODO: Investigación de campo descriptiva con estudio transversal cualitativo y cuantitativo, con 31 profesionales de salud, hombres y mujeres, mayores de 18 años, de instituciones de salud públicas y privadas de la ciudad de São Luís-MA; datos recolectados a través de cuestionario online y análisis de contenido según Bardin. RESULTADOS: Se observó que los profesionales de salud que trabajaron en el enfrentamiento de la pandemia son más propensos a presentar o intensificar síntomas psicosomáticos, impactando en su salud mental, con pérdidas en la calidad de vida. CONCLUSIÓN: Existe relación entre los impactos generados por el covid-19 y las manifestaciones de síntomas psicosomáticos, siendo necesaria la atención psicosocial de esos profesionales de salud.

DESCRIPTORES: Salud; Pandemia; Covid-19.

INTRODUÇÃO

Este artigo foi realizado através de pesquisa de campo e tem como objetivo abordar sobre os sintomas psicossomáticos manifestados aos profissionais da saúde que atuaram na linha de frente no combate à pandemia covid-19, especificamente na cidade de São Luís/MA, correlacionando com os impactos da pandemia, visto que este assunto tem sido pauta de discussão e tem tido notoriedade em pesquisas mundiais.

A pandemia do coronavírus foi declarada oficialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 23 de janeiro de 2020, devido ao alto percentual de números de casos no curto período em vários países, tornando-se uma das enfermidades mais graves dos últimos tempos, com prejuízos na saúde física e mental da população(1-2).

A nível de Brasil (2020) foi na cidade de São Paulo que o país teve o seu primeiro caso confirmado com o coronavírus, evoluindo, assim, para um quadro de gravidade e diversos questionamentos sem respostas. O Sistema Único de Saúde (SUS) empregou milhares de profissionais, formando uma equipe multiprofissional de primeira linha abrangendo todas as áreas, prestando assistência aos infectados. Até o registro do dia 23 de novembro de 2022, o país apresentava 35.052.152 casos confirmados e 689.155 óbitos, atualmente com 2% de letalidade(3).

O coronavírus tem como principal característica a alta contagiosidade, uma vez que a transmissão ocorre pelo contato direto com partículas respiratórias, reproduzindo assim, uma síndrome respiratória aguda, abrangendo desde casos leves a muito graves, tendo a sua letalidade variando devido aos quadros clínicos diversos, comorbidades e faixa etária dos indivíduos(4). No decorrer da pandemia recomendou-se que as medidas e ações de prevenção com a queda dos números de casos continuassem, porém a população reduziu estes cuidados, devido à ausência de informações adequadas(5).

Os profissionais da saúde que atuaram durante a crise pandêmica, ficaram muito vulneráveis para a contaminação do vírus em razão da assistência direta aos pacientes positivados, surgindo reflexos tanto no âmbito psicológico quanto físico(6). As ações de enfretamento impactaram um grande percentual destes profissionais, que sustentaram longas jornadas de trabalho até a exaustão e sem perspectivas perante seus árduos plantões, diante do aumento do número de casos e de mortes. Ocorreram episódios de profissionais que apresentaram sintomas da Covid-19 sem estar contaminados, observando-se assim, sintomas psicossomáticos.

Diante desse contexto, é importante mencionar que a saúde mental não é algo restrito ou até mesmo definitivo, e refere-se ao equilíbrio psicológico e emocional do indivíduo, sendo a capacidade de resposta às situações cotidianas, através das habilidades cognitivas e emocionais, proporcionando equilíbrio e bem-estar ao indivíduo(7). Além da sociedade, os profissionais da área da saúde apresentaram sinais e sintomas de ansiedade e de doenças psicossomáticas(8). Diversos fatores foram propensos para tantas preocupações e desequilíbrios como: tratar de uma doença ainda não conhecida, o medo da infecção e receio de propagação entre os seus familiares, devido ao atendimento dos infectados(9). Somando-se a isto, a dificuldade em lidar com o luto, com a dor e o sofrimento alheio, são fatores que desencadearam as manifestações psicossomáticas e o surgimento de sofrimento emocional. A percepção feita por especialistas alerta para a importância de cuidar não só do corpo, mas das emoções.

A discussão que baseia o artigo gira em torno dos impactos biopsicossociais da covid-19 estarem relacionados com o surgimento de sintomas psicossomáticos e o processo de adoecimento dos profissionais da saúde.

MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa de campo descritiva com recorte transversal quantitativo e qualitativo com 31 profissionais da saúde, de 18 a 51 anos de idade, sendo eles: técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, farmacêuticos e afins, dos sexos masculino e feminino, de diversas instituições de saúde pública e privada da cidade de São Luís-MA.

A coleta dos dados foi realizada por meio de questionário on-line desenvolvido no Formulário GoogleForms® (APÊNDICE A), contendo questões abertas e de múltipla escolha referente aos dados sociodemográficos e contexto pandêmico e sua associação no processo de adoecimento psicossomático. Para darem continuidade às respostas, os profissionais sinalizavam que trabalharam na linha de frente ao combate a covid-19 especificamente na cidade de São Luís-MA.

O Formulário ficou disponível no período de 03 a 12 de novembro de 2022 nas redes sociais: WhatsApp®, Facebook® e Instagram®; sendo a amostragem por conveniência.

Como critérios de inclusão foram considerados para análise os formulários preenchidos de maneira completa e respondidos por profissionais que estiveram na linha de frente do combate a Covid-19 e que atuaram na cidade de São Luís-MA; e exclusão foram os residentes em outras cidades e/ou que responderam de forma incompleta.

A análise dos dados realizada foi a de conteúdo pelo referencial de Bardin (2016), direcionado aos impactos causados aos profissionais de saúde que atuaram na linha de frente contra a pandemia da covid-19(10).

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) CAAE: 63395722.0.0000.5084 da Universidade Ceuma de São Luís sob o número do parecer: 5.681.343. Antes da coleta de dados, os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE B) inserido em anexo ao questionário Google Forms®, comprovando sua aceitação em participar da pesquisa, a divulgação, e publicação dos resultados.

RESULTADOS

Obtivemos 31 respostas, os resultados serão apresentados a seguir:

Conforme os dados de descrição dos profissionais de saúde que atuaram ao combate à pandemia Covid-19, na cidade de São Luís/MA estão apresentados na Tabela 1. Os profissionais de saúde que participaram deste estudo conforme amostra eram predominantemente do gênero feminino, sendo 22 (71%) e faixa etária dominante entre os participantes foi entre 36 a 50 anos 17 (55%), porém seguida de profissionais com idade entre 25 a 35 anos 7 (23%) com prevalência do estado civil de solteiro (a).

Ainda quanto à caracterização dos profissionais deste estudo, a maioria 10 (32%) são psicólogos; e os profissionais de saúde com experiência na sua atuação de 01 a 05 anos sendo, 13 (42%) e logo em seguida entre 06 a 10 sendo, 10 (32%).

Tabela 1 - Caracterização dos profissionais de saúde que atuaram na assistência a pandemia covid-19, na cidade de São Luís/MA, 2022.

Gênero

%

Feminino

22

71

Masculino

9

29

Outro

0

0

Faixa Etária

%

18 a 24

2

6

25 a 35

7

23

36 a 50

17

55

A partir de 51

5

16

Estado Civil

%

Solteiro (a)

15

48

Casado (a)

14

45

Divorciado (a)

2

6

Viúvo (a)

0

0

Outros

0

0

Qual a sua função

%

Técnico (a) ou Auxiliar de Enfermagem

5

16

Enfermeiro (a)

5

16

Médico (a)

0

0

Psicólogo (a)

10

32

Outro

11

35

Área de atuação

%

Emergência ou pronto atendimento

4

13

Ambulatório (Atendimento Eletivo)

10

32

Unidade de Internação/Enfermaria

9

29

Unidade de Terapia Intensiva (UTI/CTI)

9

29

Transporte de pacientes (ambulatório)

2

6

Serviço de apoio (imagem, diagnóstico etc.)

2

6

Sistema de Saúde

%

Público

17

55

Privado

9

29

Ambos

5

16

Tempo de trabalho na função

%

01 A 05 anos

13

42

06 a 10 anos

10

32

11 a 15 anos

2

6

A partir de 16 anos

6

19

Tempo de atuação na linha de frente a pandemia covid-19

%

01 a 06 meses

7

23

07 a 12 meses

8

26

Acima de 01 ano

15

48

Tempo esporádico

1

3

Fonte: Elaborada pela autora a partir dos dados da pesquisa, 2022

O formulário contemplou algumas classes profissionais da área da saúde que foram 5 (16%) Técnico ou Auxiliar de Enfermagem, 5 (16%) Enfermeiro (a), 10 (32%) Psicólogo (a) e outros com 11 (35%) entre as funções de Enfermeiro (a) e Socorrista do Corpo de Bombeiros, Terapeuta Ocupacional, Engenheiro (a) de Segurança de Trabalho, Fisioterapeuta, Gestor de Recursos Humanos e Assistente Social. Importante registrar que 13 (42%) dos profissionais foram infectados pela covid-19 durante a primeira onda.

Ainda na tabela 1, verifica-se às áreas de atuação dos profissionais de saúde que teve prevalência em ambulatório (Atendimento Eletivo), Unidade de Internação/Enfermaria e Unidade de Terapia Intensiva (UTI/CTI) e a maioria 17 (55%) destes profissionais tiveram atuação no sistema público de saúde.

Outro dado na tabela 1, foi o período de atuação ao combate do coronavírus com o percentual dominante de 15 (48%) que permaneceram acima de 01(um) ano de enfrentamento pandêmico.

Algumas dificuldades enfrentadas pelos participantes da pesquisa no ambiente laboral durante a primeira onda da pandemia Covid-19:

Falta de Infraestrutura. Falta de medicamentos. Ter contatos com pessoas com covid e ver pessoas que foram a óbito. Falta de EPI. Usar máscara por um longo período de tempo. O fato de os próprios profissionais serem acometidos pela doença. Medo. Insegurança. Falta de apoio dos superiores. Sobrecarga de trabalho, baixo de nível de treinamento no manejo.

No gráfico 1, no âmbito dos sintomas físicos, as modificações mais encontradas foram, dores musculares (14 respostas) insônia (11 respostas), dores de cabeça constantes (10 respostas), batimentos cardíacos acelerados (06 respostas), sensação de sufocamento ou de falta de ar e /ou dor torácica (05 respostas) e queixas de dores generalizadas (05 respostas).

Gráfico 1 – Sintomas físicos apresentados na atuação da linha de frente do covid-19, 2022.

Fonte: Elaborada pela autora a partir dos dados da pesquisa, 2022.

No gráfico 2 estão as condições de saúde relacionadas aos sintomas emocionais apresentados durante a atuação na linha de frente do novo coronavírus. Dentre os participantes, os sintomas emocionais alegados foram ansiedade (17 respostas), tristeza (17 respostas), impaciência (09 respostas) e irritabilidade (07 respostas).

Gráfico 2 – Sintomas emocionais apresentados na atuação da linha de frente do Covid-19, 2022.

Fonte: Elaborada pela autora a partir dos dados da pesquisa, 2022.

Há uma divergência entre o período que apresentaram os sintomas físicos e/ou emocionais, sendo 10 (32%) dos participantes relataram que sentiram os sintomas por menos de 01 mês e 09 (29%) já relataram que apresentaram os sintomas por mais de 01 (um) ano.

O maior percentual dos participantes não obteve acompanhamento psicológico ou psiquiátrico sendo (11 respostas) disseram não, por outros motivos e (08 respostas) relataram não, pois não havia esses serviços disponíveis.

Ao avaliarmos as respostas, vimos que, quando questionados sobre os impactos no âmbito profissional os relatos mais significativos:

Trabalho em escala reduzida, descobrir a importância da minha profissão numa UTI, Ter que lidar com pessoas se sufocando e morrendo tão rápido não tendo condições de amenizar aquele quadro, a impotência de não poder fazer nada diante das pessoas positivada, A adesão tardia do uso de máscara e distância social, Foi saber que algumas pessoas entravam, falando, andando e depois viria a óbito, O grande número de óbitos foi um fator marcante.

E referente ao impacto no âmbito pessoal, mas relevantes:

O medo de contaminar meus familiares. O medo da possibilidade de estar levando a doença para minha família, a exaustão por conta do trabalho excessivo, a sensação de impotência diante de tantas perdas e o distanciamento das pessoas amadas. A incerteza sobre o amanhã, a angústia pela espera da vacina. Assim como o sofrimento do outro, e ao mesmo tempo a possibilidade de ajudar o próximo diante do desconhecido. Era gratificante saber que ajudamos vidas, dando apoio e esperança. Perda de pessoas próximas. O medo constante de pegar a doença e contaminar algum familiar meu.

Segundo esta pesquisa, foram detectados sintomas físicos e emocionais prejudiciais à saúde mental daqueles que atuaram nas assistências aos pacientes infectados por coronavírus.

DISCUSSÃO

Segundo os dados apresentados nos resultados desta pesquisa referente as condições de saúde correlacionadas aos sintomas físicos na atuação do profissional de saúde na linha frente ao coronavírus, os pontuados de forma significativa foram dores musculares; insônia; dores de cabeça constantes; batimentos cardíacos acelerados; sensação de sufocamento ou de falta de ar e/ou dor torácica; e queixas de dores generalizadas e como sintomas emocionais apresentados com maior percentual que foram ansiedade; tristeza; impaciência; e irritabilidade(11).

A partir disto, ficam evidentes o processo de desencadeamento das manifestações dos sintomas psicossomáticas, devido estes sintomas estarem correlacionados aos sentimentos, ao modo de pensar e também ao controle das emoções. Os pensamentos negativos e as emoções não controladas podem desencadear desequilíbrios mentais, sobrecarregando as funções orgânicas prejudicando o funcionamento do corpo(12).

Quanto a caracterização dos profissionais, os dados revelam a dominância do gênero feminino, nos levando a deduzir que de fato nas últimas décadas é crescente as mulheres atuarem na área da saúde. A atuação das mulheres profissionais da saúde na linha de frente ao combate contra o coronavírus representaram 70% ao nível mundial(13).

Referente a pesquisa, houve também impacto no âmbito pessoal dos profissionais de saúde, uma vez que havia a possibilidade de contaminação de seus familiares, sensação de impotência e sobretudo a incerteza dos dias seguintes. O grande número de óbitos foi um fator importante para acentuar os sintomas psicossomáticos apresentados pela equipe.

De acordo com a pesquisa da Fiocruz (2021) os resultados comprovaram que os profissionais de saúde que atuaram no atendimento aos pacientes contaminados pela covid-19 tiveram consequências prejudiciais à saúde mental. Estes profissionais lidaram por um longo período situações muito difíceis como a sobrecarga maior de trabalho, novos protocolos, perda de pacientes, complexidade dos níveis de gravidade da doença, ausência de recursos materiais como equipamentos de proteção de uso individual e tantos outros desafios enfrentados pelos profissionais da saúde que atuaram na linha de frente ao combate do coronavírus que podem intensificar ou desencadear as manifestações dos sintomas psicossomáticos, ansiedade, depressão(14).

Sem dúvida esse marco da história que é a covid-19 precisará ser estudada por muitos anos, para analisarem as sequelas na saúde mental de curto e longo prazo.

CONCLUSÃO

Infere-se a partir dos dados da presente pesquisa que há uma interação dos impactos gerados pela pandemia covid-19 com as manifestações dos sintomas psicossomáticos nos profissionais de saúde que atuaram na linha de frente ao combate da pandemia Covid-19 em São Luís/MA.

As limitações encontradas neste estudo foram a indisponibilidade de vários profissionais devido ao aumento de novos casos de covid-19 na cidade, dificultando o andamento da pesquisa para o alcance desta amostra. 

Ressalta-se a importância de mais pesquisas sobre a pandemia covid-19 com a intenção de análise sobre as sequelas na saúde mental de curto e longo prazo nestes profissionais que foram relutantes a um vírus devastador.

Finalmente, esta pesquisa pretende trazer a reflexão e discussão em políticas públicas sobre estratégias que promovam mais ações de cuidados psicossociais a estes profissionais em tempo hábil e assertiva para enfrentar os impactos da pandemia do coronavírus ocasionados aos profissionais de saúde que atuaram na linha de frente ao combate ao covid-19.

REFERÊNCIAS

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