WORKSHOP OF ACTIVE METHODOLOGIES: RETHINKING NURSING EDUCATION

WORKSHOP OF ACTIVE METHODOLOGIES: RETHINKING NURSING EDUCATION

TALLER DE METODOLOGÍAS ACTIVAS: REPENSAR LA EDUCACIÓN EN ENFERMERÍA

Dandara Novakowski Spigolon - Doutora em Ciências da Saúde. Universidade Estadual do Paraná. ORCID: 0000-0002-9615-4420

Heloá CostaBorimChristinelli - Doutora em Enfermagem. Universidade Estadual do Paraná. ORCID: 0000-0003-0772-4194

Maria Antonia Ramos Costa - Doutora em Enfermagem. Universidade Estadual do Paraná. ORCID: 0000-0001-6906-5396

Maria Luiza Costa Borim - Mestranda em Educação Física. Universidade Estadual de Maringá. ORCID: 0000-0002-9523-4218

Neide Derenzo - Doutoranda em Enfermagem. Universidade Estadual do Paraná. ORCID: 0000-0002-7771-816

Autor Correspondente:  Célia Maria Gomes Labegalini

Doutora em Enfermagem. Universidade Estadual do Paraná.

ORCID:0000-0001-9469-4872 E-mail: celia.labegalini@gmail.com 

RESUMO

Objetivo: Relatar a experiência de oficina sobre metodologias ativas com docentes de enfermagem. Método: Relato de experiência de oficinas sobre Metodologia Ativa com 22 docentes vinculados a um curso de graduação em enfermagem de uma universidade pública. A oficina teve duração de 12 horas, e foiorganizada em dois dias, em horário e local de trabalho, durante a semana pedagógica, em março de 2020. Resultados: As atividades apresentaram os pressupostos teóricos que subsidiam as técnicas e vivenciá-las, a saber: Dinâmica do Novo, Painel integrado, Mapa conceitual, Team Based Learn, Problematização com apoio do Arco de Charles Maguerez, Photovoice, Método 300 e Avaliação participativa. Tal organização permitiu o compartilhamento de saberes e práticas e o estímulo a sua utilização. Conclusão: As oficinas estimularam os professores a correlacionar as técnicas com os conteúdos programáticos de suas disciplinas, de modo a auxiliar no planejamento e inserção de tais estratégias pedagógicas.

DESCRITORES: Aprendizagem; Aprendizagem Baseada em Problemas; Docentes de Enfermagem; Ensino; Metodologia.

ABSTRACT

Objective: To report the experience of a workshop on active methodologies with nursing professors. Method: Experience report of workshops on Active Methodology with 22 professors linked to an undergraduate nursing course at a public university. The workshop lasted 12 hours, and was organized over two days, at a time and place of work, during the pedagogical week, in March 2020. Results: The activities presented the theoretical assumptions that subsidize the techniques and experience them, namely: Dynamics of the New, Integrated Panel, Conceptual Map, Team BasedLearn, Questioning with the support of Arco de Charles Maguerez, Photovoice, Method 300 and Participatory Evaluation. Such organization allows the sharing of knowledge and practices and the encouragement of their use. Conclusion: The workshops encourage teachers to correlate the techniques with the syllabus of their disciplines, in order to assist in the planning and insertion of such pedagogical strategies.

DESCRIPTORS: Learning; Problem-Based Learning; Nursing professors; Teaching; Methodology.

RESUMEN
Objetivo: Relatar la experiencia de un taller sobre metodologías activas con profesores de enfermería. Método: Reporte de experiencia de talleres sobre Metodologías Activas con 22 profesores vinculados a un curso de pregrado de enfermería en una universidad pública. El taller tuvo una duración de 12 horas, y se organizó en dos días, en horario y lugar de trabajo, durante la semana pedagógica, en marzo de 2020. Resultados: Las actividades presentaron los presupuestos teóricos que subsidian las técnicas y las experimentan, a saber: Dinámica de lo Nuevo, Panel Integrado, Mapa Conceptual, Team BasedLearn, Cuestionamiento con el apoyo del Arco de Charles Maguerez, Photovoice, Método 300 y Evaluación Participativa. Esta organización permite compartir conocimientos y prácticas y fomentar su utilización. Conclusiones: Los talleres estimulan a los profesores a correlacionar las técnicas con los programas de estudio de sus disciplinas, con el fin de ayudar en la planificación e inserción de tales estrategias pedagógicas.

DESCRIPTORES: Aprendizaje; Aprendizaje Basado en Problemas; Profesores de Enfermería; Enseñanza; Metodología.

RECEBIDO : 10/03/2023

APROVADO : 03/04/2023

INTRODUÇÃO

Atualmente, são notórias as mudanças nos aspectos social, ético, econômico e político da sociedade, as quais atingem intensamente o ensino superior, exigindo uma nova visão de formação profissional com vistas às necessidades do padrão educacional atual. Nesse universo, a tendência pedagógica moderna deve favorecer o desenvolvimento profissional voltado para as dimensões éticas e humanísticas, com capacidade de reflexão, crítica e atenção às necessidades da população, a fim de transformar realidades(1).

Neste contexto, a teoria do fazer juntamente as ações que modificam uma realidadecaracteriza o ensino na enfermagem, no qual o docente consiga estimular a construção coletiva da consciência crítica da humanidade a partir de uma práxis libertadora fundamentada no diálogo, na reflexão e transformadora da realidade (2:172). Do ponto de vista de uma sociabilidade fundada na práxis, trata-se de um esforço permanente necessário para a percepção crítica de como, com o que e com quem o ser humano desempenha suas ações e comportamentos na sociedade (2:100).

Atinente a isso, os docentes podem impulsionar os educandos de enfermagem numa abordagem problematizadora que implica um constante empenho na desmitificação e no ato de desvelamento e compreensão da realidade (2:100). Desse modo, a utilização de metodologias ativas na graduação em Enfermagem, pode possibilitar uma Aprendizagem Baseada em Problemas, em que os estudantes antecipam a realidade do cenário de prática profissional, assim, estes alunos são preparados para pensar em novas maneiras de solucionar problemas de saúde que são comuns do cotidiano de trabalho do enfermeiro, abordando as necessidades biopsicossociais e a integralidade referente à saúde dos usuários do SUS, e instrumentos diferenciados no desenvolvimento de habilidades e competência do futuro enfermeiro (3).

O reconhecimento das responsabilidades pelas instituições de ensino superior, juntamente com seus docentes, quanto à formação de enfermeiros competentes que atendam às necessidades requeridas pelo contexto atual - aliado à compreensão da importância de pedagogias e metodologias que melhor norteiem a prática docente -, contribui para uma compreensão sobre as atividades do professor com qualidades organizativas, críticas e resolutivas (1).

A realização das oficinas se deve a alteração curricular recente do curso de graduação em enfermagem, priorizando as atividades modulares e tutoriais, a fim de dar protagonismo aos alunos e promover a aprendizagem significativa por meio de metodologias ativas, estimuladoras e reflexivas para os alunos, dessa forma, os docentes de enfermagem precisam estar sensibilizados e preparados para reorganizarem suas práticas pedagógicas. Assim, objetivou-se relatar a experiência de oficina sobre metodologias ativas com docentes de enfermagem.

MÉTODO

Trata-se do relato de experiência da realização de oficina sobre metodologias ativas com docentes de um curso de graduação em enfermagem vinculado a uma universidade estadual localizada no Noroeste do Estado de Parará.

 A oficina teve duração de 12 horas, e foi organizada em dois dias consecutivos, o primeiro dia ocorreu no turno matutino e vespertino e no segundo dia no turno matutino, em horário e local de trabalho dos docentes, durante a semana pedagógica, em março de 2020. A partir dessas oficinas foram organizadas outras com os docentes, com foco no uso de metodologias ativas e temas inerentes à enfermagem.

Participaram das atividades 22 docentes. As ações foram planejadas e desenvolvidas por três docentes do próprio curso que possuem proximidade com a temática e já haviam participado de um curso de curta duração sobre metodologias ativas no ano de 2019. Aoficina teve como conteúdo programático o tema: Metodologias ativas: conceitos e aplicações, benefícios e desafios, e abordagens e técnicas. Assim, objetivou-se: compartilhar experiências do uso de estratégias ativas em sala de aula; compreender o uso das metodologias ativas; e inserir abordagens ativas nas atividades pedagógicas.

As atividades foram organizadas de forma a vivenciar a abordagem enquanto se discute seus aspetos teóricos e troca de experiências práticas, assim, os docentes de enfermagem apresentaram e realizaram os métodos a seguir (Figura 1):

Figura 1 – Organização dos conteúdos programáticos das oficinas. Paranavaí-PR, 2020.

1º DIA

  • Dinâmica do Novo     
  • Painel integrado
  • Mapa conceitual

Team Based Learn (TBL)

2º DIA

•Problematização com apoio do Arco de Charles Maguerez

Photovoice

  • Método 300
  • Avaliação participativa
  • Fonte: as autoras (2020).

O relato foi organizado de acordo com os dias das oficinas e discutidos a luz do referencial da práxis de Freire (2).

RESULTADOS

O curso de graduação em enfermagem que vivenciou esta experiência da não adota metodologias ativas em seu currículo como padrão de ensino. Mas o curso permite os docentes desenvolverem suas disciplinas e aplicarem métodos estimuladores para o ensino e aprendizagem dos alunos. Os preceitos do curso respeitam as diretrizes curriculares nacional e o modelo pedagógico do curso de enfermagem. A experiência vivenciada pelos docentes do curso de enfermagem será descrita a seguir conforme a organização e apresentação dos métodos que subsidiaram a oficina.

Dinâmica do Novo

O primeiro dia foi iniciado com a dinâmica intitulada Dinâmica do Novo, trata-se de uma adaptação da brincadeira ‘Batata Quente’, para tal os professores foram organizados em círculo, e um mediador, que de costas para o grupo, determinava o fim da brincadeira. Os participantes foram orientados que deveriam cumprir a atividade que estava dentro do pacote, utilizado na dinâmica, este possuía em seu interior um chocolate e um comando. As rodadas foram repetidas três vezes, e tinha como comandos: Coma o chocolate! Divida o chocolate com a pessoa a sua direita! Dê o chocolate para a pessoa mais velha do grupo! Os professores participaram ativamente da atividade, alguns verbalizaram asseios em relação ao inesperado, mas todos se dispuseram a participar e satisfação ao revelar que as ações envolviam coisas boas como receber o doce.

A Dinâmica do Novo possibilita a interação do grupo, tornando o ambiente mais divertido, ainda oportuniza a reflexão sobre as mudanças, o novo e o inesperado. Dessa forma, introduziu-se que as mudanças pedagógicas por meio da inserção das metodologias ativas nas aulas, as quais são desafios aos docentes, mas que podem trazer bons resultados. Ainda, discutiu-se o uso de dinâmicas no ensino da enfermagem, seja para aproximar os participantes, fortalecer a comunicação e o trabalho em equipe, bem como para o desenvolvimento de conteúdos programáticos.

Teorização sobre o tema Metodologias Ativas

Seguiu-se para a teorização sobre o tema Metodologias Ativas, apresentando o método da Professora Janaína Mourão, intitulado as ‘4 Fronteiras do Engajamento’, organizado em: Definindo o Norte, definindo o Local de Partida, definindo a trajetória e Pé na Estrada (4).Tal momento possibilitou a discussão coletiva de saberes e práticas dos docentes, por meio da explanação de suas experiências e dúvidas, e assim possibilitou a fundamentação teórica das Metodologias Ativas quanto estratégia pedagógica de ensino-aprendizagem e seus aspectos epistemológicos, garantindo ao docente a cientificidade do uso dessa abordagem.

Painel Integrado

Seguiu-se para a realização do Painel Integrado, os participantes foram organizados em quatro grupos e vivenciaram tal técnica ao responderem as questões: Quais são as expectativas com uso das metodologias ativas? Quais são as dúvidas sobre o uso de metodologias ativas? Quais são as experiências prévias do grupo com as metodologias ativas? Quais são os desafios para utilizar as metodologias ativas? (5). Os grupos tiveram 10 minutos para responder a cada questão utilizando canetas hidrográficas, as questões foram redigidas em folhas de papel craft (com cerca de 60 cm X 100 cm) As questões foram respondidas pelos quatro grupos, em seguida, foram apresentadas pelos participantes. As respostas de cada questão estão descritas no Quadro 1.

Quadro 1 – Respostas dos docentes participantes da oficina durante a atividade Painel Integrado sobre Metodologias Ativas (MA). Paranavaí-PR, 2020.

TEMÁTICAS

RESPOSTAS QUE AS FUNDAMENTAM

EXPERIÊNCIAS COM AS METODOLOGIAS ATIVAS: APROXIMAÇÃO E USO

- Durante a formação acadêmica, pois vivenciou o uso das MA e percebeu que a postura do docente promove construção de conhecimento.

- A organização das atividades daPós-graduação, utilizando MA,a qual possibilitou a integração e criação de vínculo entre os envolvidos.

- Curso de especialização em metodologias ativas, aproximando de formas e abordagens.

- Vivência na Semana pedagógica de metodologias ativas: construção pedagógica de possibilidades, por meio de ferramentas já utilizadas no ensino tradicional.

- Uso de MA em suas práticas docentes, a qual possibilitou o empoderamento e a valorização do aluno, aumentou a capacidade de resolução de problemas e tomada de decisão, descontração, desconstrução da hierarquia docente-aluno, e estimulou a busca pelo aprendizado.

DÚVIDAS EM RELAÇÃO AO USO DAS METODOLOGIAS ATIVAS

1. Como utilizar metodologia ativa com a sala toda?

2. Como avaliar a atividade? Se atingi o objetivo?

3. Como identificar o ponto de partida nas 4 Fronteiras de Engajamento?

4. Quando e como avaliar s preciso abordar a teoria do assunto a ser trabalhado?

5. Dentre as estratégias existentes para a aplicação da metodologia ativa, quais serão institucionais? Haverá uma padronização do método avaliativo?

6. As metodologias ativas são aplicáveis em todas as disciplinas?

 7. Como trabalhar as metodologias ativas sem quebrar a ‘hierarquia’ entre aluno e professor?

8. Quais são as ferramentas metodológicas que podem ser utilizadas?

9. Metodologias ativas substituem ou complementam o sistema tradicional de ensino?

DESAFIOS PARA IMPLEMENTAÇÃO DE METODOLOGIAS ATIVAS

Apoio/estrutura: financeira, Recursos Humanos (quantitativo docente), recursos físicos (materiais e equipamentos), acervo bibliográfico disponível na temática.

Corpo docente: Aceitação e adesão; Capacitação e formação docente; Adesão às metodologias ativas / tradicional; Suporte pedagógico para implementação e manutenção; Maior tempo para preparo das aulas; Aprender a conduzir e a avaliar resultados e comprometimento discente.

Discente: Aceitação e adesão; Q quebrar o preconceito; Responsabilidade e comprometimento;

EXPECTATIVAS COM O USO DAS METODOLOGIAS ATIVAS

 

Melhorar o aprendizado e compreensão do aluno, estimulando habilidade de raciocínio crítico e interação.

Troca de experiências entre o conhecimento (prévio) do aluno e o científico.

Desenvolver a oralidade no aluno.

Aumentar a interação teórico-prático com a participação ativa do aluno.

Explorar o relacionamento interpessoal.

Estimular as habilidades de cada um, principalmente a criatividade e autonomia.

Estímulo para o trabalho docente, por sair da zona de conforto

União entre os docentes para encarar o desafio, com estreitamento dos laços.

Criar um Núcleo de Apoio ao docente sobre método de ensino com avaliação periódica.

Fonte: as autoras (2020).

Os docentes participantes da oficina apresentam aproximações com as metodologias ativas em todos os seus processos de formação, e também na sua utilização em atividades pedagógicas. Contudo, possuem várias dúvidas em relação a sua implementação que tangem especialmente relação ao planejamento e execução de técnicas participativa, e de como incorporá-las em suas disciplinas. Tais questionamentos norteiam os desafios apresentados pelos professores que balizam em torno da aceitação docente e discente, do preparo docente e da ausência de estrutura da universidade para tais ações. Por fim, os docentes apresentaram suas expectativas com o uso das metodologias ativas, e as mesmas corroboram as potencialidades dessa abordagem pedagógica.

Discutiram-se todas as considerações nas questões de forma participativa entre mediadores e participantes, estimulando os docentes a relatarem a aplicabilidade dessa técnica nas suas disciplinas. Cabe destacar, que os pontos apresentados foram debatidos e contrapostos durante as respostas pelos participantes, construindo coletivamente perspectivas para o uso das MA em sala de aula. Em seguida apresentaram-se os aspectos metodológicos e teóricos da técnica de painel integrado, os docentes discutiam seu uso e ilustraram momentos e conteúdos programáticos que podem utilizar em suas respectivas disciplinas, destacando sua aplicabilidade na avaliação diagnóstica.

Mapa Conceitual

No segundo período do primeiro dia de atividades foi realizado o Mapa Conceitual (6), para tal os participantes receberam papel sulfite colorido, canetas hidrográficas, fita adesiva e tesoura, e elaboraram os mapas divididos em quatro grupos. Foram discutidos os aspetos teóricos da técnica e projetado no quadro um modelo de mapa conceitual para subsidiar a realização do mesmo, ainda, utilizou-se as seguintes questões para auxiliar na elaboração da atividade: O que é metodologia ativa? Qual sua aplicabilidade? Como utilizá-la? Em quais contextos? Como elaborar uma aula utilizando metodologia ativa? Qual o papel do aluno e do professor? Quais as diferenças em relação a abordagem tradicional? Foram confeccionados quatro mapas, que versaram principalmente sobre a diferença do papel do discente e do docente na realização das técnicas ativas.

Cada grupo apresentou seu Mapa conceitual, e algumas orientações em relação à estrutura foi feita pelas mediadoras. Em seguida alguns docentes compartilharam suas experiências com a técnica e os demais foram estimulados a citar momentos para o uso da mesma em sua disciplina, sendo a revisão do conteúdo e a organização de casos clínicos os mais indicados.

Team-basedlearning

Finalizou-se o primeiro dia com a realização do Team-basedlearning (TBL), os professores receberam cinco questões sobre a Política Nacional da Atenção Básica (PNAB) e o gabarito para preenchimento, no primeiro momento responderam as questões individualmente, em seguida discutiram as mesmas em pequenos grupos, ao finalizarem a mediadora discutiu as questões e respostas, explicando a técnica. O tema PNAB foi escolhido para exemplificar aos docentes a aplicabilidade prática da técnica nas disciplinas de graduação em Enfermagem (7). Os docentes relataram que a técnica pode ser utilizada em todas as disciplinas, em momentos de avaliação diagnóstica, formativa ou somatória, e que a discussão grupal propiciada pela técnica amplia os conhecimentos do grupo e promove o trabalho em equipe.

Problematização com apoio do Arco de Maguerez

O segundo dia iniciou-se comuma abordagem da Aprendizagem Baseada em Problemas por meio daProblematização com apoio do Arco de Maguerez, inicialmente a mediadora explicou os aspetos teóricos, a problematização e as fases do arco, a saber:1. Observação da realidade; 2. Pontos-chave; 3. Teorização; 4. Hipóteses de solução 5. Aplicação à realidade (8). Os participantes foram organizados em três grupos e desenvolveram a técnica. As respostas dos participantes às fases do Arco de Maguerez são apresentadas no Quadro 2.

Quadro 2 – Respostas dos grupos no Arco de Maguerez. Paranavaí-PR, 2020.

FASE

GRUPO 1

GRUPO 2

GRUPO 3

1.Observação da realidade

Implementação da metodologia ativa.

Professores inexperientes em metodologias ativas, que tem dificuldade em selecionar diferentes métodos de acordo com os temas a serem trabalhados nas disciplinas.

Inexperiência com metodologias ativas na prática docente.

2.Pontos-chave

Estratégias: Quais são as estratégias viáveis a implementação?

Como organizar o cronograma a fim de disponibilizar horas de estudo ao aluno?

Como alocar os recursos humanos e discentes em pequenos grupos?

Qual o papel do facilitador na metodologia ativa?

Corpo docente em experiência em educação bancária.

Falta de qualificação docente para o uso das metodologias ativas.

Os métodos garantem a aprendizagem significativa do conteúdo.

Quais estratégias/técnicas de metodologias ativas mais adequadas na prática docente local?

Existem evidencias cientificas disponíveis da aplicabilidade das metodologias ativas nas diferentes disciplinas de enfermagem?

3. Teorização

Os docentes devemdiscutir estratégias viáveis a realidade da universidade e das turmas, considerando as características de cada grupo, organizando o cronograma a fim de possibilitar horas de estudo e momentos de reflexão em pequenos grupos apoiados pelo facilitador, considerando que nesta metodologia o docente é o coadjuvante e mediador das experiências relacionadas a esse processo e o discente é o protagonista.

Para formas profissionais críticos e reflexivos, é necessário utilizar na prática docente, métodos que levem os acadêmicos a praticarem a busca ativa de conhecimento, a reflexão e a busca de soluções.

Para a síntese da teorização da questão 1 demanda muito tempo, portanto não será respondida nesse momento.

Consta nas evidencias cientificas recentemente publicadas, a experiência de um grupo de docentes com a utilização de metodologias ativas nas disciplinas de processos de cuidar do paciente cirúrgico da UFSC. Os autores elencaram estratégias, apresentam roteiros institucionais e fichas avaliativas que podem ser utilizados e adaptados a outros contextos.

4.Hipóteses de solução

A criação de um Núcleo de Apoio sobre Metodologias Ativas com capacitações periódicas possibilita a estruturação do processo de implementação da metodologia ativa.

Utilizar o conhecimento teórico adquirido pode subsidiar a implementação das metodologias ativas na prática docente.

A troca de experiências com outras instituições de ensino pode contribuir para a implementação das metodologias ativas no contexto local.

 

Manter oficinas regulares para capacitação docente em metodologias ativas e troca de experiências docentes.

5.Aplicação à realidade

Criação do Núcleo de Apoio sobre Metodologias Ativas

Encontros mensais entre docentes para trocar experiências e grupo de estudo.

Educação permanente.

Aplicar as metodologias ativas nas disciplinas que ministraremos em 2020.

Avaliar a experiência com a utilização das metodologias ativas em 2020 para identificar as potencialidades e fragilidades ocorridas no decorrer desse processo.

Fonte: as autoras (2020).

A aplicação à realidade foi feita de modo imaginário, pois não se teve tempo para intervir. Esta fase seria a aplicação propriamente dita. Por fim, a mediadora exemplificou uma forma de avaliação da atividade, anseio dos professores. A avaliação ao final, pode ser aplicada solicitando aos alunos responderem a seguinte questão: A partir desta oficina, você acredita que a metodologia ativa pode ser um caminho proativo e criativo para o ensino aprendizagem dos alunos de enfermagem? Explique sua resposta. Os professores relataram a aplicabilidade da técnica em suas atividades pedagógicas, bem como a forma de avaliação proposta, destacando seu uso para resolução de estudos de casos clínicos e de gestão.

Photovoice

O Photovoice (9) foi realizado com a temática: Ser docente, respondendo à questão geradora: O que significa ser docente para você? Para tal foi solicitado que os participantes fotografassem uma imagem que representasse o tema. As imagens foram enviadas para as mediadoras no primeiro dia de atividade. No segundo dia, os docentes foram organizados em três grupos, foram orientados a apresentar sua foto ao grupo e justificar o motivo da escolha, em seguida o grupo deveria escolher uma das imagens para representa-los e redigirem o motivo da escolha. As imagens escolhidas e justificativas são apresentadas a seguir:

Figura 1 – Ser docente para o grupo 1: Estrada. Paranavaí-PR, 2020.

Fonte: participantes da oficina (2020).

‘Ser docente envolve planejamento, como uma viagem, na qual utilizamos as tecnologias para auxiliar e nortear o caminho.  Assim como a natureza, para ser docente é necessário ter força e flexibilidade, ainda o caminho e a prática docente se alteram com o tempo e as sinalizações da estrada mostram os limites e os norteamentos que envolvem as práticas pedagógicas. Além disso, no caminho tem sempre a presença de várias pessoas: professores e alunos, e todo percurso é voltado para a luz, para o horizonte e para novas visões (Grupo 1)’.

Figura 2 – Ser docente para o grupo 2: Morros. Paranavaí-PR, 2020.

Fonte: participantes da oficina (2020).

‘Ser docente é um desafio, principalmente quando evolve mudança de abordagem pedagógica, para as metodologias ativas. Envolve a busca constante pelo conhecimento, e para isso, têm-se os desafios e as dificuldades da escalada. Contudo as conquistas que estão no pico da montanha fazem sentido ao caminho trilhado (Grupo 2)’.

Figura 3 – Ser docente para o grupo 3: Edital de aprovação dos professores e alunos do curso em um programa de pós-graduação. Paranavaí-PR, 2020.

Fonte: print de um documento dos participantes da oficina (2020).

“A docência envolve a formação pessoal do professor, permeada pela busca constante de conhecimentos. E, também, o estímulo ao aluno a buscar sua formação, além de apoiá-los. Ser professor é um processo em constante construção e o docente vai desabrochando de acordo com suas experiências. Ainda, envolve amor desinteressado, tal qual o relacionado a família. As aprovações dos alunos e colegas de trabalho na pós-graduação demostra o resultado do trabalho, os frutos da dedicação e envolvimento docente (Grupo 3)’.

Em seguida discutiu-se a aplicabilidade da técnica, os docentes relatam a mesma como relevante para sensibilizar os alunos e também como estratégia de avaliação diagnóstica. Ainda, os relatos dos docentes demostraram que a atividade possibilitou reflexão sobre sua profissão e sua postura, os mesmos relataram que gostaram da técnica e dos sentimentos por ela mobilizados, e que vivenciar as técnicas durante a oficina possibilita imersão na temática das MA. Os mesmos destacaram a potencialidade dessa técnica durante a avaliação diagnóstica, especialmente de temas sensíveis, complexos e multifacetados como: conceito de família, morte e cuidado.

Método 300

Considerando os anseios dos docentes em relação à avaliação da aprendizagem nas metodologias ativas, foi apresentado o Método 300 por meio do vídeo do autor (duração de 17 minutos), bem como informado a forma de acesso a mais materiais sobre o tema, com a proposta de inserir tal técnica em todas as disciplinas, com a aceitação dos docentes, e inserção a ser negociada junto aos coordenadores de ano (8). Tal técnica foi considerada importante estratégia de avaliação formativa dos alunos, pois permite resgatar temas que ficaram frágeis na formação do aluno por meio do apoio dos pares, mediado pelos docentes, dando maior autonomia e empoderamento para os alunos, e não restringindo a avaliação a um momento pontual, e sim quanto a um processo de aprendizagem.

Avaliação participativa

A avaliação participativa foi realizada pela técnica tempestade de ideias, para isso foram disponibilizados post-it e canetas, em uma parte do quadro negro foram dispostos os seguintes itens: dúvidas, sugestões e ideias. No primeiro dia os participantes foram orientados a deixarem anotações no quadro de forma a auxiliar no processo de condução das oficinas e dos temas, contudo a atividade teve baixa adesão, o que possibilitou a discussão da dificuldade da avaliação contínua que é essencial para a aprendizagem significativa, e para o docente replanejar suas ações. Os docentes ainda destacaram que tal atividade é de fácil implantação, contudo precisa vir acompanhada de mudança no olhar do que é avaliar, considerando o mesmo com um elemento para auxiliar na tomada de decisões no processo e não como fim.

DISCUSSÃO

Os docentes possuem fragilidades na conceituação das abordagens construtivista e tradicional de ensino, ainda se preocupam com o conteúdo teórico, atribuindo a exposição oral como a forma de garantia da transmissão das informações e o receio em avaliar de forma subjetiva, seja pela parcialidade da avaliação bem como pelas queixas dos alunos, que por vezes não possuem maturidade e proximidade com tal forma avaliativa.

Os programas neoliberais de ensino organizam-se em torno da avaliação pontual de quantitativa do conteúdo apreendido em um dado período de tempo, conhecida como avaliação somativa, e esta é a mais utilizada na educação brasileira, entretanto na perspectiva de Freire, avaliar se pauta em identificar mudanças nas concepções dos alunos, compreendida também como emancipação, e não somente voltado ao conteúdo (2). Assim, a avaliação se torna instrumento de meio e não de fim no processo de aprendizagem, o qual, quando balizado na epistemologia crítica, deve ser organizado em avaliação diagnóstica, dos saberes prévios dos alunos, ao os considerar quanto indivíduos ricos em conhecimentos, na avalição formativa, que ocorre no percurso da atividade educacional e considera elementos comportamentais e afetivos dos alunos, além do conteúdo, e por fim, a mais utilizada em nossos modelos educacionais, a avaliação somativa (2).

Inserir várias formas de avaliação ao longo do ano letivo é essencial para acompanhar o aprendizado dos alunos, que é heterogênea, e fazer alterações no planejamento durante a realização do mesmo, considerando que o conhecimento é um processo de construção permeado pela comunhão entre as pessoas e de sua realidade. O docente nesse contexto assume, então, papel de facilitar e mediador do aprendizado crítico, e o aluno assume o protagonismo do seu processo de aprendizagem, e esse processo deve conduzir o acadêmico ao amadurecimento que culmina na sua autoavaliação tanto cognitiva como socioafetiva (2) (10).

A persistência na utilização da exposição oral como sendo a única garantia de transmissão de informações pode estar associada ao fato de que a aula expositiva dialogada ser uma das estratégias de ensino mais utilizadas e conhecidas pelos docentes. Esta prática é baseada na exposição oral do conteúdo pelo professor, contando com maior ou menor participação dos estudantes, dependendo da proposta e objetivos de ensino. Essa estratégia permite transformar uma aula que seria simplesmente de transmissão do conhecimento pronto por parte do docente, em uma aula em que o estudante terá a oportunidade de mostrar seu conhecimento prévio, associá-lo às informações trazidas pelo docente e, por fim, tecer uma relação entre conhecimento e experiências, possibilitando assim o surgimento das perguntas (11). O preparo da aula expositiva pelo docente se torna muito mais fácil do que quando comparado com a utilização de outra estratégia. Nas situações em que não há a participação do estudante, e o docente não o estimula, esta passa a ser somente uma metodologia tradicional, não havendo pensamento crítico (12).

Estas fragilidades apresentadas pelos docentes são descritas também em um estudo que analisou o uso da metodologia ativa no estágio supervisionado de um curso de Odontologia, no qual foi ressaltado o desafio, tanto para o docente como para o discente, pela presença de uma grade curricular tradicional em que há a fragmentação do saber e a separação entre os aspectos teóricos e práticos. Esse mesmo modelo também persiste, em decorrência de haver ampla geração de docentes que foram formados no modelo tradicional e que corroboram esse modelo (13).

            O papel dos docentes tem destaque estratégico, representando um fator crucial no desenvolvimento de iniciativas educacionais orientadas por competência, frente aos desafios de promover uma educação contextualizada, crítica e emancipatória; e baseada em metodologias ativas de ensino-aprendizagem, as quais fomentam tais competências. Apesar do pouco investimento na formação pedagógica dos docentes frente as novas demandas dessa função, o papel do educador vem se transformando ao longo dos anos, particularmente no sentido de buscar um maior diálogo com novas necessidades emergentes nas sociedades pós-modernas (2) (14), e das novas competências e habilidades exigidas do aluno, futuro profissional.

            Os docentes demonstraram interesse em participar das oficinas desenvolvidas e em dar continuidade na realização de capacitações e aperfeiçoamento dentro do grupo de docentes do curso de enfermagem durante o ano letivo. Nota-se em estudos que os docentes reconhecem a necessidade de modificação em sua prática pedagógica, contudo, seja pela falta de treinamento, de interesse e/ou de recursos, observam-se adaptações da metodologia ativa pelo próprio docente, o que pode apresentar resultados duvidosos (12) (15) (16) (17) (18).

Estas adaptações podem ocorrer nas instituições onde as turmas são numerosas, sendo que nestes casos a utilização de metodologias ativas implica no esforço e criatividade do docente para superar as adversidades que sobrepõem sua governabilidade. Em algumas situações existe, contraditoriamente ao texto do projeto pedagógico e ao discurso institucional, falta de recursos e apoio para os próprios docentes implementarem o ensino baseado em metodologias ativas (12).

Assim, a mudança no processo de ensino, envolve alterar um paradigma hegemônico do processo de ensino-aprendizado, o qual esbarra na formação dos professores voltadas ainda pelo modelo tradicional de ensino, e na estrutura física e organizacional da instituição. Contudo, nem sempre são necessários recursos físicos e materiais complexos, mas apropriação teórica dos professores e planejamento prévio da ação, sendo possível de ser realizada em qualquer contexto desde que o docente adeque a técnica pedagógica ao objetivo de aprendizagem da atividade, bem como as competências e habilidades que pretende desenvolver nos alunos (19) (20) (21).

Cabe-se destacar que as realizações de atividades ativas de aprendizagem podem ser consideradas eficazes, ao possibilitar que a construção individual do aprendizado se articule com o contexto no qual o aluno se insere, promovendo autonomia e criticidade ao estimular a curiosidade e o interesse dos alunos, essenciais para o aprendizado. Assim, os alunos são estimulados tanto de forma cognitiva como afetiva, as quais promovem um aprendizado significativo (19) (20).

 

 

CONCLUSÃO

 

O presente artigo possibilitou relatar a experiência de oficinas sobre metodologias ativas com docentes de enfermagem. As quais foram organizadas de forma a apresentar os pressupostos teóricos que subsidiam as técnicas e vivenciá-las. Tal organização permitiu que os docentes de enfermagem compartilhassem seus saberes e práticas sobre Metodologias Ativas, bem como estimular sua utilização.

Assim, vivenciar e fundamentar teoricamente técnicas de Metodologias Ativas propiciou que os professores correlacionassem as técnicas com os conteúdos programáticos de suas disciplinas, de modo que poderá auxiliar no planejamento de tais estratégias pedagógicas, que corroboram as premissas recentes das diretrizes curriculares da enfermagem, a fim de formar profissionais autônomos, críticos e reflexivos.

Tal atividade se demostrou de grande relevância para a formação docente dos professores do ensino superior, contudo essas atividades devem ocorrer constantemente de forma a auxiliar os professores na adoção de métodos participativos e um processo conjunto de mudança de paradigma educacional do curso de enfermagem da instituição.  Mais estudos são necessários a fim de disseminar formas de reestruturar a formação no ensino superior.

 

 

REFERÊNCIAS

 

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